Título: Infosmart investirá US$ 145 milhões na BA
Autor: Cruz, Patrick
Fonte: Valor Econômico, 08/03/2007, Empresas, p. B9

A multinacional Infosmart, de Hong Kong, vai investir US$ 145 milhões nos próximos dois anos para um desembarque maciço no mercado brasileiro. A primeira fase desses desembolsos será inaugurada hoje: em menos de seis meses, a empresa construiu em Camaçari, a 45 quilômetros de Salvador, uma unidade dedicada à fabricação de CDRs e DVDRs (CDs e DVDs graváveis, ou "virgens", como são popularmente conhecidos), na qual investiu US$ 25 milhões.

Esta será a primeira fábrica brasileira de CDs e DVDs graváveis localizada fora da Zona Franca de Manaus. "Queremos mudar o eixo e transformar a Bahia na nova referência nesse setor no país", diz o diretor geral da empresa no Brasil, Cheng Yutseng. "A Bahia tem condições de ser líder, de ser um centro de mídias graváveis". Outras quatro fábricas estão no plano de investimentos do grupo.

Embora os benefícios fiscais da Zona Franca fossem mais atrativos, diz o diretor, a decisão de se instalar na Bahia deveu-se, em boa parte, a vantagens logísticas. O "optical rate", policarbonato especial que é a principal matéria-prima da linha de produção da empresa, não é produzido no país e será todo importado do Japão e de Taiwan - policarbonatos são termoplásticos, ou plásticos que amolecem quando aquecidos e endurecem ao serem resfriados. Haveria maior dificuldade de importar o produto se o investimento fosse feito em Manaus.

Pesou na decisão do grupo também o fato de que o Nordeste deverá responder por 60% das vendas. Como a produção não terá as exportações como meta, os 40% restantes serão direcionados ao restante do país, principalmente São Paulo. A acolhida que a empresa disse ter recebido do governo baiano, que ajudou o grupo a entender as complicadas legislações fiscal e trabalhista brasileiras, foi o terceiro fator.

"Em Hong Kong, muitos empresários são parentes. Muita gente quer vir para cá, mas tem medo porque as diferenças culturais e de legislação são muito grandes. Todos estão torcendo para que esse projeto dê certo para também poder investir no Brasil", diz Yutseng.

A Infosmart abriu um escritório de vendas em São Paulo em janeiro do ano passado. Em um mês de atuação no país, vendeu três milhões de unidades, o que a levou a criar, em março, sua subsidiária brasileira, a Discobrás. A unidade que será inaugurada hoje - "pequena, para teste do mercado local", segundo o diretor geral - almeja faturamento mensal de R$ 4 milhões. Quando toda a programação de investimentos for efetuada, o grupo pretende faturar R$ 24 milhões ao mês, ou quase R$ 300 milhões em um ano.

A companhia pretende construir ainda mais duas fábricas de CDs e DVDs graváveis. Os investimentos incluirão também a instalação de uma unidade para a produção de cartões de memória (utilizados para armazenamento de conteúdos em aparelhos eletrônicos como câmeras digitais e computadores de bolso) e uma de divisórias para isolamento térmico e acústico.

A meta do grupo é atender metade da demanda do mercado interno por CDs e DVDs graváveis até o fim do próximo ano - no Brasil, o segmento movimenta cerca de R$ 5 bilhões ao ano, segundo a companhia.

"A abertura da unidade da Discobrás é um dos momentos mais importantes da história da Infosmart", disse, em comunicado, o presidente do grupo, Andrew Chang. "Existem apenas quatro milhões de aparelhos de DVD no Brasil, mas 60 milhões de aparelhos de TV. Essa diferença indica que o mercado pode crescer até 15 vezes se, um dia, cada aparelho de TV tiver também um de DVD", afirmou.