Título: Dilma reúne-se com empresários para distender relação
Autor: Costa , Raymundo
Fonte: Valor Econômico, 14/01/2013, Política, p. A10

A presidente Dilma Rousseff recebeu na sexta-feira mais três pesos pesados da economia para discutir cenários e projetos específicos das empresas. A ideia desses encontros é distender as relações da presidente com o PIB nacional e inspirar mais confiança a fim de melhorar o ambiente de negócios. Embora tenha sido convocado a investir e ter suas reivindicações em grande parte atendidas pelo governo, o setor privado não respondeu com o investimento previsto, em 2012.

A desconfiança do empresariado decorre do intervencionismo da presidente e de decisões que contribuem para gerar desconfiança no governo. Dois exemplos são frequentemente citados, segundo contou ao Valor um integrante do primeiro escalão: o apoio à presidente Cristina Kirchner, que não chega a ser um modelo para os brasileiros, e o posicionamento em relação à posse de Hugo Chávez, na Venezuela, antes mesmo que os próprios venezuelanos tivessem apresentado a solução.

De um modo geral, os empresários que estiveram com Dilma manifestaram preocupação com a questão de energia. A presidente garantiu a todos que não há problemas nesta área. O noticiário sobre a possibilidade de "apagão" ou racionamento é equivocado, segundo Dilma informou aos empresários. Simplesmente não existe, de acordo com a presidente da República.

Dilma conversou a sós com todos. Com o presidente do Bradesco, Luiz Trabuco, a conversa demorou 1h30 e avançou sobre cenários econômicos e políticos. Rodolfo Tourinho, presidente do Sindicato Nacional da Indústria Pesada, também conversou a sós por uma hora. Com Tourinho, a presidente discutiu projetos específicos. Em decorrência da Copa do Mundo de 2014, a agenda do setor é intensa, este ano.

O presidente do grupo francês Lafarge, Bruno Lafont, também da indústria pesada, apresentou o plano de investimentos da empresa para o Brasil.

Na quinta-feira, a presidente já havia recebido os diretores-presidentes da Cosan, Rubens Ometto; da Vale, Murilo Ferreira e da Odebrecht, Marcelo Odebrecht. Com todos a presidente Dilma discutiu cenários político-econômicos.

A presidente manifestou preocupação com os gargalos da infraestrutura. Dilma também conversou sobre qualificação de mão de obra e financiamento do setor privado.

O fraco desempenho da economia, ano passado, levou a presidente a considerar a hipótese de conversar mais com o setor produtivo, apontar os rumos de seu governo, cujo mandato já passou da metade, e dirimir desconfianças que o empresariado nacional tem manifestado inclusive nas conversas que teve com pré-candidatos à sucessão da presidente.