Título: Aperfeiçoar as PPPs é vital para a AL, diz Coutinho
Autor: Leo, Sérgio
Fonte: Valor Econômico, 25/01/2013, Internacional, p. A9

A "chave" mais importante para enfrentar a maioria dos obstáculos ao desenvolvimento nos países da América Latina é a parceria cooperativa com o setor privado, defendeu ontem o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, em sua primeira participação pública no Fórum Econômico Mundial, em Davos, em um jantar dedicado às maneiras de garantir o crescimento e fortalecer as sociedades da região.

Cercado pelos presidentes de países centro-americanos, um ex-presidente (Felipe Calderón, do México) e três ministros da Fazenda de países andinos, Coutinho fez uma defesa enfática das parcerias público-privadas.

"É preciso garantir a confiabilidade, senso de justiça, legitimidade e previsibilidade na relação com o setor privado", disse, em um recado para outros países do continente, no jantar com dezenas de autoridades e empresários latino-americanos. "A parceria com o setor privado é a única maneira de promovemos, juntos, um círculo virtuoso e criar incentivo para animar esse setor", argumentou.

À saída do encontro, ainda cansado pela viagem até a isolada cidade suíça anfitriã do Fórum Econômico, onde chegou ontem e logo começou uma série de encontros com empresários e executivos do setor financeiro, Coutinho comentou ao Valor PRO que a queda recente das taxas de juros abriu espaço para maior participação de financiadores privados no esforço de melhora da infra-estrutura incentivado pelo governo.

A entrada de novos financiadores privados ainda não é sensível, mas é intenção do BNDES abrir espaço a mecanismos não-estatais de financiamento, insiste Coutinho - apresentado no encontro como presidente de um banco com uma carteira maior que as do Banco Mundial e do Banco Interamericano (BID) somadas.

Na curta intervenção durante o jantar, que terminou com uma sessão cultural sobre as origens do calendário maia, o presidente do BNDES, endossou as propostas de outras autoridades para enfrentar os problemas da região, com medidas como o controle da dívida para permitir uma política "contra-cíclica", de aumento de gastos em caso de recessão e de economia nos momentos de crescimento.

"Um Estado eficiente significa solidez fiscal, sem endividamento excessivo, com capacidade de prover serviços públicos, educação, inclusão social, transferência de renda e realização do potencial em infra-estrutura", listou Coutinho.