Título: Morre Corrêa Rabello, o fundador do Rural
Autor: Maria Christina Carvalho
Fonte: Valor Econômico, 10/01/2005, Finanças, p. C3

Foi enterrado sexta-feira o presidente do conselho de administração do grupo financeiro Rural, Sabino Corrêa Rabello. O empresário, de 84 anos, estava internado desde quarta-feira, e faleceu pela manhã, em Belo Horizonte, em decorrência de acidente vascular cerebral (AVC). A morte de Sabino não deve ter impacto na administração do banco que, desde 2000, é presidido por sua filha mais nova, Kátia Rabello. Em função da idade e do estado de saúde, o empresário conduziu a sucessão patrimonial, entre 2003 e 2004, mantendo o controle acionário da instituição em mãos da família. No entanto, os mesmos desafios estratégicos que eram colocados pelos analistas para o Rural tendem a continuar em pauta. Se Sabino não gostava de se desfazer nem de um carro velho, como dizia Kátia sempre que lhe perguntavam se a família queria vender o banco, o mesmo não se pode dizer de seus descendentes. Kátia, que estudou biologia e a trocou pelo balé, conciliava a arte com a diretoria de marketing do banco até que teve que assumir o comando, por causa da morte em um acidente de helicóptero de sua irmã Junia, que presidiu a instituição de 1993 a 1999. Não fosse por isso, o Rural, como todo banco de médio porte, tem o futuro constantemente questionado pelos analistas por questões de funding e de nicho. Décimo-oitavo no ranking de setembro do Banco Central (BC), o Rural tinha R$ 7,4 bilhões em ativos e R$ 3,9 bilhões em crédito, concentrado no middle market, agronegócio e no comércio exterior; 122 pontos de venda sendo sete no exterior. O 106 º do país, de acordo com a Valor Grandes Grupos, também tem atua em seguros, leasing, capitalização, corretora e distribuidora de valores, totalizando duas dezenas de empresas. O grupo nasceu em 1964, quando a Construtora Tratex, da família Rabello, comprou o controle do Banco Manoel de Carvalho, criado em 1957, no Rio. Posteriormente, adquiriu também Banco Mercantil de Pernambuco, que estava sob intervenção do BC, em 1996, e o Banco Sul América, em maio de 2003. Segundo a agência Fitch Ratings, o Rural iniciou ampla reestruturação com a ajuda de consultorias, em 2003, focando a atuação em quatro atividades: crédito para pequenas e médias empresas com garantia de recebíveis; crédito consignado (o banco detém 51% da subsidiária, mas a gestão diária é de um grupo parceiro); o Banco Simples em cartões de crédito e outras atividades on line para pessoas físicas clientes de quatro grandes redes varejistas (250 mil cartões ativados); e o Banco Rural Mais, private banking, com patrimônio administrado de cerca de R$ 450 milhões.