Título: Descoberta do Tesouro
Autor: Vieira, Catherine
Fonte: Valor Econômico, 27/04/2007, EU & Investimentos, p. D1

Com a marca de 80 mil investidores cadastrados em mês de março, o Tesouro Direto está oferecendo mais serviços para incentivar a compra de títulos públicos pela internet. Além de reformular o site, o sistema divulga agora um ranking de taxas de administração cobradas por 27 agentes de custódia, o que facilitará a escolha da corretora intermediária pelo novato.

Pelo ranking, há desde aqueles que não cobram nada, para atrair o cliente, até aqueles onde o custo fica entre 1% e 2% ao ano - o pagamento é anual, assim como o da taxa de custódia da CBLC, de 0,40%. "A lista ainda é parcial, mas nosso objetivo é ter os custos de todos os cerca de 70 agentes de custódia credenciados no sistema", diz o secretário-adjunto do Tesouro, Paulo Valle, lembrando que as informações são fornecidas pelos próprios agentes e apenas consolidadas e divulgadas pelo Tesouro. Com essas taxas, o investidor pode usar o simulador instalado no site para avaliar o custo da aplicação.

Em janeiro o sistema teve recorde de cadastros, com mais de três mil novos investidores. Em março, foram mais 2.618 mil, o que elevou o total de cadastros para 80.892, uma expansão de 43,7% nos últimos 12 meses.

Para Valle, a perspectiva neste ano é muito positiva por conta das boas rentabilidades dos títulos, como a NTN-B Principal - corrigida pelo IPCA e que só paga juros no final - com vencimento em 2024. Até ontem, o ganho do papel no ano era de 27% e, em 12 meses, de 38%. "É um desempenho melhor que o dos fundos multimercados."

O consultor Marcelo D'Agosto, sócio do site Fortuna, explica que a grande demanda pelos títulos longos nos primeiros meses do ano fez as taxas oferecidas caírem. Com isso, quem comprou antes, pela taxa maior, ganhou. "A queda da taxa básica de juro e a expectativa do grau de investimento aumentam a procura por esses papéis longos", avalia D'Agosto.

Mas os títulos longos também são mais arriscados e essa rentabilidade pode não se repetir, uma vez que já houve uma boa queda das taxas dos papéis, alerta Fernando Marques, da Ativa Corretora. "Para os clientes que estão com horizonte mais distante, pensando na aposentadoria, temos indicado títulos atrelados ao IPCA (NTN-B) com prazos até 2015 ou 2024, mas não os mais longos, até 2045", diz Marques. Outro papel que ele ainda considera interessante é a LTN (prefixada) com vencimento em 2009. "A taxa ainda está razoável", diz.

Na Socopa, os objetivos da taxa zero são atender os clientes de bolsa e atrair novos investidores, diz o diretor da corretora Marcos Monteiro de Barros. "Pelo menos 70% dos clientes de bolsa usam os títulos públicos para garantir as operações."

Os dados do último balanço divulgado pelo Tesouro Direto revelam que 25,75% das vendas do mês de março ocorreram dentro da faixa de aplicação que vai até R$ 1 mil; e 15,76% na que fica entre R$ 1 mil e R$ 2 mil. "Ou seja, cerca de 40% dos investidores aplica menos de R$ 2 mil, o que mostra que o programa está conseguindo atingir seu objetivo, que é proporcionar essa oportunidade ao pequeno investidor, de comprar os títulos diretamente", diz Paulo Valle.

O gerente de relações com investidores do Tesouro, André Proite, observa que os prazos escolhidos pelos aplicadores estão se alongando. "Do estoque total de títulos, 55,66% têm prazo entre um e cinco anos e 21% estão com vencimento acima de cinco anos", diz Proite, ressaltando que apenas 23% têm prazo inferior a um ano.