Título: Cotada para 2014, Ideli coloca em xeque estratégia do governador
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 25/02/2013, Política, p. A9

Provável candidata ao governo de Santa Catarina em 2014, a ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti (PT), afirmou ao Valor, que o governador Raimundo Colombo (PSD) "demorou" para reagir à crise de segurança no Estado, palco de mais de 100 atentados a ônibus, carros e unidades da polícia desde 30 de janeiro.

"Houve sentimento generalizado, expresso pela população, de que medidas mais rápidas deveriam ter sido tomadas", disse Ideli. "Ficou uma polêmica falsa, de que aceitar ajuda era quase admitir que não dá conta da crise sozinho. Não tem nada disso. Há determinados equipamentos e tecnologias que só a segurança nacional tem", afirmou.

Ideli colocou em xeque a versão do governador sobre o uso da Força Nacional de Segurança. Colombo descartou-as publicamente dizendo, ao "Jornal Nacional", da Rede Globo, que "100 homens não fariam diferença". Mas, com a chegada da Força para atuar na transferência de presos, disse que tinha mentido para não alertar os criminosos.

A ministra disse que a declaração ao telejornal - feita dois dias depois da reunião em que teria sido fechado o acordo sigiloso -surpreendeu o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. "Cardozo me ligou e disse que nunca trataram da quantidade de homens, perguntando se eu sabia o que estava acontecendo", disse. No dia seguinte, Colombo retificou-se e disse que falou de forma hipotética.

"A parceria [do governo federal] começou antes, com o serviço de inteligência e transferência de presos, mas o uso da Força Nacional acabou sendo exigido pela população de maneira mais ostensiva", afirma Ideli. As tropas entraram em ação na madrugada do dia 16, com o governador anunciando um dia antes o uso delas em nota divulgada à imprensa.

Em entrevista ao Valor na quinta-feira, Colombo reafirmou a existência do acordo desde o dia 6 e disse que manteve o sigilo para garantir a eficácia da operação, mesmo sabendo que perderia popularidade. Disse que a ação só não foi feita antes para não coincidir com o Carnaval, quando o Estado estava cheio de turistas, e para dar tempo de preparar as prisões dos criminosos que estava por trás dos ataques. "Estávamos fazendo trabalho de inteligência que exigia um tempo que não era o que as pessoas queriam", disse.

Procurado desde quinta-feira, Cardozo disse, por meio de sua assessoria, que a Força Nacional entrou em ação no dia que foi requisitada, no dia 16, quando recebeu ofício do governador. O ministro não respondeu quando foi definido que a tropa seria usada na operação. (RDC)