Título: Montagem da equipe entra na reta final
Autor: Rizzo,Alana
Fonte: Correio Braziliense, 20/12/2010, Politica, p. 5

Dilma tenta desatar nó que trava as indicações do PSB e do PCdoB e deve confirmar nomes de novos ministros ainda hoje

A presidente eleita, Dilma Rousseff, começa a semana com duas missões: destravar as negociações com PSB e PCdoB e definir o restante da equipe da Esplanada dos Ministérios. Depois de idas e vindas, a petista deve escalar o atual ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, para a Saúde. Dilma defendia, desde o início da corrida eleitoral, que a pasta fosse ocupada por um técnico, e ressaltou em conversas com aliados que não iria negociar a Saúde. Apesar de ser médico, Padilha é visto por profissionais da área apenas como político. Atualmente, ele é responsável pela interlocução do governo com o Congresso.

Para garantir a continuidade das ações de fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS), Dilma irá convidar técnicos ¿ alguns que chegaram a ser cotados para a vaga de ministro ¿ para cargos importantes na pasta. Entre eles, o secretário de Planejamento de Belo Horizonte, Helvécio Magalhães, que deve assumir a Secretaria Executiva.

O médico foi secretário de Saúde durante a gestão do ex-prefeito da capital mineira Fernando Pimentel (PT), convidado para o Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Helvécio também foi presidente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conasems). Porém, é visto como uma figura muito ligada ao ex-prefeito de Belo Horizonte.

Apoio de Minas Outro nome forte para ocupar um cargo de destaque na pasta é o do médico Fausto Pereira dos Santos. O sanitarista atuou na comissão de transição do governo Lula na área da saúde e por dois mandatos ocupou a direção da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Fausto tem o apoio do PT mineiro, que reivindica mais participação no primeiro escalão do governo Dilma. Um abaixo-assinado a seu favor chegou a ser produzido por lideranças da área em um movimento chamado de Aliança Suprapartidária do Movimento Sanitário. O grupo defende o trio no ministério, mas com Fausto na chefia.

Entretanto, em uma estratégia de acomodação de aliados, a petista deve mesmo convidar Padilha para liderar o grupo. Como figura partidária, Padilha atuou na coordenação nacional da campanha do presidente Lula em 1989 e em 1994. Já como médico, sua atuação ganhou destaque no Pará, onde aproximou-se da governadora Ana Júlia Carepa (PT), que perdeu a disputa pela reeleição em outubro. Ele foi coordenador de ações de controle de malária na fronteira do Brasil com o Suriname e no território indígena Zo¿É, às margens do Rio Cuminapanema. No governo Lula, Padilha assumiu a direção do Departamento Nacional de Saúde Indígena da Fundação Nacional de Saúde (Funasa).

Papo com os aliados

Além de definir o futuro do Ministério da Saúde, Dilma Rousseff deve oficializar Mário Negromonte (PP-BA) para o Ministério das Cidades e a deputada eleita Luciana Santos (PCdoB-PE), para o Esporte. Para isso, a presidente eleita terá que convencer o atual ocupante do cargo, Orlando Silva, a deixar a pasta. O comunista teme perder a vaga e não assumir a chefia da Autoridade Pública Olímpica, como já foi proposto.

No PSB, o problema de Dilma é ainda maior. O partido briga por três ministérios. Para dificultar ainda mais a situação, os socialistas não querem contabilizar o Ministério da Integração Nacional na mesma fatura. A pasta teria sido oferecida pela futura presidente ao deputado Ciro Gomes (CE). A indicação agrada o governador do Ceará, Cid Gomes, irmão de Ciro, mas não conta com o apoio do presidente do partido e governador de Pernambuco, Eduardo Campos, que tem dois nomes para a pasta.

A equipe de transição ainda precisa acomodar o senador Antônio Carlos Valadares (PSB-SE), caso queiram levar o coordenador da campanha presidencial de Dilma, o presidente do PT, José Eduardo Dutra, de volta ao Congresso. Ele não disputou as eleições, mas está como suplente do senador sergipano. Valadares foi convidado para chefiar o futuro Ministério da Micro e Pequena Empresa, promessa de campanha de Dilma, mas o parlamentar recusou a oferta.

Dos partidos que integram a base aliada, PMDB, PDT e PR já garantiram suas vagas na Esplanada. O PT é o que tem o maior número de pastas sob seu comando: 12. (A.R)