Título: BNP Paribas avalia novos negócios no Brasil
Autor: Carvalho, Maria Christina
Fonte: Valor Econômico, 10/04/2007, Finanças, p. C4

Até o final do ano, o BNP Paribas conclui os estudos para avaliar a entrada do banco nos negócios de crédito imobiliário e de distribuição de produtos de investimento e crédito pela internet no mercado brasileiro. A informação foi dada, ontem, pelo presidente mundial do banco francês, Michel Pébereau, que está visitando o Brasil.

Além do banco de investimentos, o BNP Paribas tem no Brasil a administradora de recursos de terceiros, a financeira Cetelem, a empresa de seguros Cardif e a gerenciadora de frotas Arval. Agora, as empresas do BNP que podem vir a operar no país são a União de Créditos Imobiliários (UCI), uma joint venture com o grupo espanhol Santander; e a Cortal Consors, que vende produtos financeiros em toda a Europa pela internet.

A UCI, que já opera em Portugal, Espanha e Grécia, se caracteriza pela parceria com agentes imobiliários e uma ampla oferta de produtos, como linhas especiais para a aquisição da segunda residência, o crédito para a troca de casa, financiamento à construção e à elaboração do projeto, além da hipoteca e da linha com prazo de carência de principal e de juros.

Já a Cortal Consors distribui fundos, ações e crédito pela internet. É um homebroker de varejo que também fornece análise de investimentos. A Cortal Consors, 100% controlada pelo BNP, foi criada em 1984 e opera em seis países europeus, oferecendo produtos de investimento. Mas seu diferencial é o acesso gratuito por um portal a vários tipos de informações de mercado e e instrumentos de análise como gráficos interativos.

Ressalvando que os bancos brasileiros "são muito eficientes", Pébereau disse que, se o grupo decidir decolar as atividades da UCI e da Cortal Consors no país, as novas unidades sairão do zero, isto é, partirão do desenvolvimento orgânico.

"Temos toda a confiança no Brasil. O país conseguiu controlar a hiperinflação e está conduzindo uma política orçamentária sensata. Agora tem que resolver a questão da taxa de juro. Se tudo continuar assim, podemos talvez dobrar, quintuplicar ou aumentar dez vezes as operações no Brasil", disse o banqueiro de 65 anos, que foi membro do governo francês da década de 70 ao início dos anos 80, período em que chefiou o gabinete do ministro a Economia e Finanças, Valery Giscard d´Estaing, e entrou no setor financeiro em 1982.

Quinto maior banco europeu em valor de mercado, o BNP começou a operar no Brasil há cerca de 50 anos, detendo participação de 45% no BancoCidade, até 1995. O BNP tentou assumir o controle total do Cidade. Como os antigos controladores da instituição não quiseram vender sua participação, o banco francês, por determinação de Pébereau, resolveu partir para o vôo solo. Em maio de 1996, foi autorizado a instalar o próprio banco no país, passando a operar como banco múltiplo em dezembro.

Em abril de 1997, o BNP Paribas adquiriu licença para negociar em todas as moedas, mas foi oficialmente inaugurado em 10 de novembro, como BNP Paribas Brasil. Em junho de 1998, a administração de recursos de terceiros passou a ser realizada por meio de uma empresa independente, a BNP Paribas Asset Management no Brasil .

Segundo Pébereau, o financiamento ao comércio exterior é um dos pontos fortes do banco. Como explicou o presidente das operações brasileiras do BNP Paribas, Bernard Mencier, o banco é o maior em operações do BNDES Exim, que financia basicamente as exportações de bens de capitais brasileiros. Além disso, financia projetos e é um dos maiores na área de derivativos. Segundo Mencier, a receita do banco vem crescendo em ritmo de 25% ao ano, acima dos 10% a 15% de expansão anual das despesas. De 20 funcionários há sete anos, agora tem 1,5 mil.

A financeira do grupo, a Cetelem, opera no Brasil desde 1999, fornecendo crédito pessoal, bancando carteiras de consignado de outras instituições e com cerca de 100 parcerias com redes de varejo. Possui joint venture com o grupo Carrefour no Banco Carrefour, que administra o cartão da rede.