Título: Em 2012, 95% dos reajustes foram acima da inflação
Autor: Mota, Camilla Veras
Fonte: Valor Econômico, 21/03/2013, Brasil, p. A10

No ano passado, 94,6% das 704 unidades de negociação analisadas pelo Sistema de Acompanhamento de Salários do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (SAS-Dieese) tiveram aumento real acima do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). O percentual é o maior desde 1996, ano do início do balanço de negociações salariais pela organização, e 7,5 pontos superior ao de 2011.

Além da incidência maior de ganho real entre categorias da indústria, comércio e serviços - o trabalho rural e o serviço público não são contemplados pelo estudo -, os reajustes também atingiram faixas de ganhos reais maiores no período analisado. O valor médio de correção acima do INPC foi de 1,96%, o maior da série histórica e 0,62 ponto percentual superior ao valor médio de 2011. Em 2008, quando o aumento real médio foi de 0,92%, 64% dos reajustes se concentraram nas faixas de ganho de 0,01% e 2%. Em 2012, a faixa predominante, com 63% de incidência, oscilou entre 1,01% e 3%.

A parcela de ganho real acima de 4%, que recaiu sobre 8% dos reajustes, também é a maior desde o início da aferição. Foram registrados em 4,1% dos acordos correções equivalentes ao índice - um recuo de 6,6 pontos percentuais em quatro anos - e em apenas 1,3% perdas salariais, concentradas nas menores faixas, entre 0,01 e 2% abaixo do INPC.

A indústria registou o melhor desempenho, com 97,5% das negociações com aumento real superior à inflação, 7 pontos percentuais acima do verificado em 2011 e 11,3 pontos percentuais acima do registrado em 2008. O valor médio dos ganhos reais no setor, o único que não teve reajustes inferiores à variação do INPC, foi de 2,04%. O número foi puxado pelas atividades de construção e mobiliário, com avanço real de 3,17%, e de metalurgia (2,19%). No comércio, o ganho real incidiu sobre 96,4% dos pleitos; 1% dos acordos do setor cobriu apenas a taxa de inflação e em 3% houve perdas salariais. No setor de serviços, o crescimento da ocorrência de reajustes com aumentos reais no intervalo entre 2008 e 2012, de 89,5%, é o maior - houve ganho de 28 pontos percentuais em quatro anos.

Para José Silvestre Prado de Oliveira, coordenador de Relações Sindicais do Dieese, o balanço dos reajustes salariais reflete as expectativas que os setores produtivos tinham para o desempenho da economia no começo do ano. Isso explica, segundo ele, porque os aumentos reais foram maiores no primeiro semestre.