Título: Bradesco fecha seguro de US$ 11 bi de 64 aeronaves da Líder Aviação
Autor: Silva Júnior, Altamiro
Fonte: Valor Econômico, 02/04/2007, Finanças, p. C12

Em tempos de caos nos aeroportos brasileiros, o mercado de seguros aeronáuticos segue na direção oposta e está mais aquecido do que nunca. A renovação de apólices e a chegada de novas aeronaves no país estão aumentando a concorrência no setor. Na briga pelos maiores contratos, o Bradesco venceu a concorrência e ficou com uma das maiores apólices do setor, de 64 aeronaves da Líder Aviação, com valor total em risco de US$ 11,2 bilhões.

A Bradesco Auto/RE, a seguradora de ramos elementares do banco, fará o seguro de 22 aviões, 42 helicópteros e 21 hangares da Líder, a maior companhia de jatos executivos do país. A apólice antes era feita pela Unibanco AIG.

Outra novidade do setor deve ficar com os aviões da Varig. Segundo fontes do mercado, a Mapfre levou a apólice das aeronaves. A expectativa agora é com os aviões da Gol, que tem seguro da SulAmérica e teve o maior sinistro do setor no país em muitos anos, com a queda do Vôo 1907. "O mercado passa por um momento de renovações de contratos e está bem aquecido", avalia Gustavo Mello, da Correcta Seguros, corretora especialista no mercado aeronáutico.

Na apólice da Líder, há duas coberturas, informa Luiz Carlos Nabuco, diretor gerente da Bradesco Auto/RE Corporativos. A primeira é a do casco dos aviões e helicópteros, com valor total de US$ 241 milhões.

Outra apólice é a de responsabilidade civil (RC) das aeronaves e dos 21 hangares, que cobre eventuais danos que eles causarem a terceiros. O valor da cobertura varia de US$ 100 milhões a US$ 200 milhões por aeronave. No conjunto, a apólice de RC ficou em US$ 7,2 bilhões para os aviões e US$ 3,2 bilhões para os hangares, instalados em cidades como Rio, São Paulo e Belo Horizonte.

Segundo Nabuco, no seguro do casco, 17% do risco foi colocado no mercado interno. O restante foi para o exterior e ficou com resseguradoras internacionais. Já na apólice de RC, que envolve os maiores valores, só 3% ficou aqui.

A corretora Liderávia, do próprio grupo Líder, intermediou a colocação. O valor dos prêmios não foi revelado. Procurada pelo Valor, a Líder não se pronunciou. Segundo Nabuco, o prêmio é um dos cinco maiores do mercado excluindo as apólices para vôos comerciais. A apólice tem duração de um ano.

Bradesco e Mapfre são as seguradoras mais atuantes nos seguros aeronáuticos. Unibanco AIG, AGF, Chubb e SulAmérica também têm forte atuação. A Bradesco é a líder, com 26% do mercado. A seguradora teve R$ 89 milhões em prêmios no ano passado, expansão de 10%. "É um dos nossos principais focos", afirma Nabuco. Em 2006, o segmento movimentou R$ 344 milhões no país (incluindo o seguro de casco aeronáutico e marítimo).

A Líder foi fundada em 1958 e é hoje a maior empresa de aviação executiva do Brasil, com 1,2 mil funcionários. A empresa fechou 2006 com um total de 26 aeronaves comercializadas. O faturamento foi de R$ 390 milhões, expansão de 15% em relação a 2005. A empresa, muito conhecida pelo serviço de táxi aéreo, também tem atuação com produtos e serviços de vendas de aeronaves, seguros, treinamento, manutenção, fretamento de aviões e helicópteros, além de atendimento aeroportuário.

Para Nabuco, um dos maiores desafios do setor é aumentar a oferta de seguros para os aviões com mais de 20 anos, que têm os prêmios maiores. O Brasil tem 11 mil aeronaves ativas e 1.011 helicópteros registrados na Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). A estimativa do mercado é que apenas 30% a 40% da frota ativa seja segurada. A expectativa de Nabuco é que, com a abertura do resseguro, este segmento melhore.