Título: IRB acelera medidas para se adaptar ao fim do monopólio
Autor: Silva Júnior, Altamiro
Fonte: Valor Econômico, 03/01/2007, Finanças, p. C1

Com a aprovação da quebra do monopólio do mercado de resseguro do país pelo Senado, no dia 20 de dezembro, o IRB Brasil Re vai antecipar uma série de medidas que deveriam ser implantadas ao longo do ano, já em preparação para a abertura do mercado.

Entre as ações que serão aceleradas estão o concurso público, que ocorre já em fevereiro para formar um banco de reservas maior, uma vez que há diversos funcionários em vias de aposentadoria. Também será colocada em pleno funcionamento a plataforma de negociações on line de resseguro que vinha sendo desenvolvida. "São basicamente coisas de infra-estrutura e informática que seriam implementadas ao longo do ano e serão antecipadas para o primeiro semestre", adiantou o gerente de estratégia do IRB, Sebastião Pena.

Criado em 1939, o IRB está completando 68 anos. O órgão, que hoje detém o monopólio e é o maior ressegurador da América Latina, vinha se preparando para a mudança, mas avaliava que, após tantos anos para chegar à aprovação pela Câmara, a discussão no Senado levaria mais tempo. "Imaginamos que ia ser mais longa a tramitação entre a Câmara e o Senado, pelo menos de uns quatro meses", diz Pena.

Para ele, porém, do ponto de vista empresarial a aprovação é uma boa notícia. "O processo foi longo e passamos tanto tempo falando nisso e nos preparando que é bom ter agora esse fato concreto, é como se fosse ultimato para as estratégias que vínhamos desenvolvendo, ou seja, agora é pra valer", diz.

Segundo fontes próximas da instituição, há um clima de apreensão em boa parte dos funcionários do IRB. "Eles estão um pouco cabisbaixos, temem perder a importância", disse um interlocutor. Na avaliação do gerente de estratégia do IRB, é natural que haja alguma apreensão. "São anos e anos operando dentro de um formato, é uma mudança bem grande, apesar de ser aguardada há anos", diz Pena. "Mas o clima que vai prevalecer dependerá da maneira como nós encararmos isso, se olharmos como um desafio em vez de ficar em depressão, o resultado pode ser muito bom", completa.

O executivo lembra que a regra prevê, nos primeiros três anos, uma reserva de 60% do mercado para as resseguradoras locais. "O IRB será a primeira e enquanto não surgirem as outras, a única", diz Pena, lembrando porém que torce para que outros concorrentes locais se apresentem logo. "O objetivo da abertura é justamente fomentar a concorrência e a competitividade, que serão essenciais para desenvolver o mercado local, temos nos preparado para isso há anos e estamos confiantes."

Apesar da apreensão, os funcionários do IRB não precisam temer por questões de redução de quadro, pelo menos no curto e médio prazos. Justamente por conta das várias aposentadorias, o órgão tem hoje menos colaboradores do que o quadro completo permitiria. São 515 em atividade, quando poderiam ser 550. No novo concurso, que será o terceiro num prazo de cerca de três anos, o quadro de pessoal de São Paulo deverá ser reforçado. Hoje, são cerca de 40 funcionários na capital paulista, número que deve aumentar em pelo menos 50%. "É uma praça muito importante e queremos reforçar a equipe, principalmente nesse momento estratégico", diz Pena, que atua no IRB há 28 anos.