Título: BB eleva oferta de recurso para operações de hedge
Autor: Zanatta, Mauro
Fonte: Valor Econômico, 24/01/2007, Agronegócios, p. B10

A estratégia do Banco do Brasil (BB) de utilizar instrumentos de hedge como proteção de preços e renda no setor rural será ampliada e aperfeiçoada na próxima safra. O banco planeja multiplicar por quatro o volume de operações de mercados futuros, contratos de opção de venda e seguro rural na temporada 2007/08, que começa em junho.

O plano de negócios do banco, principal operador do mercado de crédito rural no país, estima garantir a proteção de preços em bolsas de futuros para 100 mil contratos, além de realizar 60 mil operações de seguro rural. A medida deve elevar o hedge total oferecido pelo BB a R$ 5 bilhões no próximo ciclo - na atual safra 2006/2007, os instrumentos cobriram R$ 1,4 bilhão em financiamentos concedidos até agora.

O vice-presidente de Agronegócios do BB, Derci Alcântara, afirma que a estratégia de vincular a concessão do crédito de custeio à contratação do seguro rural foi "muito bem-sucedida" e que servirá como referência para a atuação do banco na área. "Tivemos algumas resistências no início, mas agora os próprios produtores entendem a necessidade de usar instrumentos de proteção", disse ao Valor.

O banco faz 350 mil contratos anuais com o setor rural. Um projeto-piloto do BB, realizado em parceria com o IRB Brasil Resseguros e a suíça Converium, beneficiou inicialmente produtores de soja e milho em quatro Estados. Na próxima safra, deve estrear em Goiás, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Com base em índices de produtividade mais atualizados, a cobertura pode aumentar para até 55% da produção e ser estendida a culturas como algodão e trigo.

O BB negocia uma integração com a Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F) para fazer a proteção dos preços no Brasil, mas também deve fazer operações na Bolsa de Chicago. "Vamos injetar liquidez na BM&F", diz o diretor de Agronegócios, José Carlos Vaz. Ele acredita ser possível elevar os negócios em bolsa de R$ 400 milhões para R$ 1 bilhão na próxima safra. Em 2006, o BB fechou 19,9 mil contratos na bolsa brasileira, um resultado 64% superior a 2005. A maior parte do contratos foi em milho (43%), seguido de boi gordo (27%) e café (20%). Nas operações de seguro rural, o banco planeja chegar a R$ 4 bilhões de capital segurado, usando até R$ 80 milhões dos R$ 99,5 milhões previstos em subvenções oficiais pelo Tesouro Nacional. No ano passado, o BB usou R$ 17,8 milhões em subsídios para proteger um capital de R$ 971 milhões.

O otimismo do Banco do Brasil pode esbarrar, no entanto, no baixo desempenho das aplicações no crédito rural na atual safra. Dos R$ 27,4 bilhões previstos para a agricultura empresarial no ciclo 2006/2007, o banco desembolsou somente R$ 18,3 bilhões até o dia 19 - 66,8% do orçamento total. A aposta para liberar a diferença de R$ 9,1 bilhões está no bom andamento da safra e no crescimento da safra de inverno. "Vamos melhorar os números porque entraremos forte no financiamento da comercialização da safra de verão e no custeio do milho safrinha e do trigo", afirma o vice-presidente Derci Alcântara.

De junho de 2006 até o dia 19 de janeiro, a aplicação do crédito de custeio recuou 17% na comparação com igual período da safra anterior, para R$ 11,15 bilhões. Na comercialização, entretanto, cresceu 68,4%, para R$ 5,76 bilhões. Segundo Alcântara, influenciaram na redução da demanda por crédito de custeio a queda nos custos de produção das lavouras, a pouca capacidade de contratar dívidas novas e as prorrogações de débitos. Sozinho, o banco rolou R$ 5,8 bilhões nesta safra. "Demorou um pouco para liberar o dinheiro, mas atendemos a todos", resume.