Título: H-Bio economiza dólares e reduz a dependência
Autor: Veiga Filho, Lauro
Fonte: Valor Econômico, 18/05/2007, Caderno Especial, p. F3

Os ensaios realizados a partir de junho do ano passado deixaram o terreno preparado para que a Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), instalada em Araucária (PR), inicie a produção contínua do H-Bio, processo desenvolvido e patenteado pela Petrobras para a produção de diesel a partir de óleos vegetais e animais. Neste ano, a Repar deverá colocar no mercado cerca de 4,8 milhões de litros do novo combustível, significando entre 1% a 2% de sua produção de diesel, conforme Francisco de Oliveira Leme, gerente de otimização da refinaria.

A solução tecnológica desenvolvida nos laboratórios do Centro de Pesquisas da Petrobras (Cenpes) não contém enxofre em sua composição, permite reduzir emissões de poluentes na atmosfera e ainda tem origem em matérias-primas renováveis, incluindo soja, mamona, girassol e até mesmo sebo bovino. O planejamento estabelecido inicialmente pela estatal previa uma produção de 256 milhões de litros neste ano, resultado de um investimento estimado em US$ 38 milhões, realizado pelas refinarias Gabriel Passos (Regap), em Minas Gerais, que começou a produzir o H-Bio em dezembro de 2006, e Alberto Pasqualini (Refap), do Rio Grande do Sul, além da Repar.

Mais duas novas refinarias deverão ser incorporadas ao processo no próximo ano, quando a produção esperada deverá subir para 425 milhões de litros de H-Bio, o que exigirá investimento de mais US$ 23 milhões. Aquele volume, que demandará um total estimado de 2,4 milhões de toneladas de soja (4% da safra esperada para este ano), corresponderia a 12% das importações de óleo diesel realizadas em 2006.

No ano passado, segundo dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o país chegou a importar 3,54 bilhões de litros, equivalentes a 9,7% do consumo doméstico no período (36,71 bilhões de litros), a um custo total de US$ 1,747 bilhão. A substituição de 12% das compras externas poderá representar uma economia próxima a US$ 210 milhões, nesta hipótese.

A Repar, uma das primeiras refinarias a colocar o H-Bio na linha de produção, destacou R$ 19 milhões para fazer adaptações em sua logística interna, instalar tanques, bombas e outros equipamentos, prevendo elevar a produção nominal do novo combustível para 67,5 milhões de litros em 2011, de acordo com Leme, o que poderá significar 12% da produção da refinaria. Até lá, a refinaria deverá receber uma segunda unidade de hidrotratamento, com capacidade para 6 mil metros cúbicos por dia. A unidade em operação, atualmente, processa 5 mil metros cúbicos diariamente.

A empresa realizou o primeiro teste industrial com o H-Bio em junho passado, numa solenidade com as presenças do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do presidente da Petrobras. José Sergio Gabrielli de Azevedo.

"O experimento permitiu validar a operação e ajustar parâmetros industriais. Hoje, temos todo o processo bem mapeado, com resultados positivos", adianta Leme. A princípio, diante da disponibilidade de matéria-prima, a refinaria optou pelo uso de óleo de soja, injetado na unidade de hidrotratamento juntamente com o diesel convencional.