Título: Investimentos em TI ajudam a elevar produtividade
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 18/05/2007, Caderno Especial, p. F5

A busca de eficiência e qualidade é quase uma obsessão para o setor sucroalcooleiro, que vem investindo pesado em novos sistemas de automação. Os avanços tecnológicos em implantação nas áreas de moenda, destilaria e fabricação de açúcar incluem a adoção de controles de processos precisos, coleta de dados de laboratórios on-line, gerenciamento de bateladas e total disponibilidade de informações do processo e do inventário de material processado.

"O setor sucroalcooleiro está vivendo o boom da internet de alta conectividade, ou seja, do real time, para que a troca e disponibilidade das informações sejam online, gerando todo um ambiente favorável para a rápida tomada de decisão. Isso faz a diferença no mundo dos negócios em tempo de globalização", explica Alexandre Aoki, diretor comercial da GE Fanuc, um dos principais fornecedores de soluções de automação industrial.

Segundo ele, a empresa acompanha de perto o estágio atual de inovações tecnológicas nas usinas brasileiras de açúcar e álcool, que envolve investimentos em soluções de produtividade, combinando hardware e software. "A GE Fanuc concentrou seu posicionamento global para atender as necessidades urgentes de seus clientes e focou os esforços dos departamentos de P&D (Pesquisa e Desenvolvimento) de novos produtos para a informação em rede, evitando "ilhas de automação".

Trata-se de uma mudança fundamental, segundo Antônio Cardoso Júnior, gerente de desenvolvimento de negócios da GE Fanuc. "Antes, as usinas e destilarias produziam muito, mas sem qualidade total. Hoje, produzem muito mais e com mais qualidade". A empresa conta atualmente com um elenco de 130 clientes de um total de 325 indústrias no país. "São indústrias que ganharam performance, aumentaram a produção com eficiência e estão obtendo rápido retorno de seus investimentos".

Entre seus clientes, está a nova planta da Usina Santa Isabel, localizada em Mendonça (SP), que investiu R$ 2,5 milhões para implantação da nova tecnologia de controladores de processo PAC Systems RX31 e o software de supervisão Proficy Cimplicity. Os sistemas atuam na caldeira, casa de força, subestação, moagem, tratamento de caldo, evaporação, fábrica de açúcar, fermentação, destilaria de álcool e até no controle da cogeração de energia elétrica a partir do bagaço da cana. A Unidade 2, de Mendonça, faz parte do movimento de modernização da Usina Santa Isabel e consumiu investimentos totais da ordem de R$ 180 milhões.

Buscar sempre melhorar a eficiência, a variedade de plantio, obter melhor rendimento de sua produção é hoje uma preocupação constante do setor sucroalcooleiro para se tornar mais competitivo, analisa Antônio de Pádua Rodrigues, diretor tecnológico da União da Agroindústria Canavieira de São Paulo (Unica). "A implantação de tecnologias inovadoras para a produção de cana de açúcar e álcool tem uma influência decisiva na evolução da produtividade agroindustrial do setor", afirma ele. E continuará influindo, como mostram as projeções da Unica. Na região Centro-Sul, por exemplo, a produtividade agrícola passará de 82,5 toneladas por hectare, atualmente, para 85 t/há na safra 2012/2013.

Na região Norte/Nordeste, a produtividade agrícola saltará de 62 t/há para 65 t/há. "Essa transformação tem muito a ver com os investimentos em tecnologia de ponta", indica Rodrigues. Só as usinas de açúcar e álcool de Alagoas e Pernambuco, que respondem por 15% da oferta de cana do país, investiram nos últimos anos entre R$ 250 milhões a R$ 315 milhões. Grande parte desses recursos foi aplicada para a modernização da infra-estrutura logística, especialmente voltada para a exportação, além da melhoria dos sistemas de irrigação, barragens, drenagem de áreas de várzea e cogeração de energia e pequenas centrais hidrelétricas. O Grupo JB, com uma unidade industrial em Pernambuco e outra no Espírito Santo, gastou perto de R$ 35 milhões para melhorar o suporte na área industrial. "Muitas usinas também substituíram caldeiras de baixa pressão por tecnologias mais modernas de produção", diz o executivo. (G.C.)