Título: Congresso debate tendências mundiais
Autor: Aguilar, Adriana
Fonte: Valor Econômico, 28/05/2007, Caderno Especial, p. F2

Três mudanças no cenário mundial do setor siderúrgico chamam a atenção das empresas e especialistas. Primeiro, o início das fusões entre companhias saudáveis. Depois, países emergentes produzindo mais aço do que os desenvolvidos. E, finalmente, a inversão de rumo da China, que trocou o papel de importadora para grande exportadora de aço.

Em torno desses três tópicos ocorrem os debates do 20º Congresso Brasileiro de Siderurgia, que será realizado de hoje até quarta-feira, em São Paulo. Para falar sobre os atuais acontecimentos do setor siderúrgico, chegam ao Brasil presidentes das principais siderúrgicas do mundo: Nippon Steel (Japão), Baosteel (China), Steel Dynamics (EUA), além de representantes da Arcelor-Mittal e ThyssenKrupp Steel (Alemanha). Promovido pelo Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS), o evento ainda terá a presença do responsável pelo Projeto Índia 2020, Hans-Jörn Weddige, e do especialista em siderurgia na Rússia, John Helmer.

Segundo o vice-presidente do IBS, Marco Polo de Mello Lopes, os projetos de produção de placas de aço têm sido disputados pelos países integrantes do BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China). "Os quatro são potências siderúrgicas. No entanto, o crescimento interno do Brasil está aquém do observado nos demais integrantes do bloco. A diferença em relação aos outros é que, no Brasil, há 26 anos, o consumo real de aço permanece na faixa dos 100 quilos por habitante ao ano",diz.

Na avaliação de Lopes, para que o potencial do setor siderúrgico nacional aumente - fazendo frente aos outros integrantes do BRIC -, é necessário elevar as taxas de crescimento interno, com investimentos em infra-estrutura, seja pública ou privada. As experiências da China, Índia e Rússia servem para mostrar os fatores determinantes para se chegar ao aumento de produção local, como ganhar competitividade internacional e quais serão as tendências dos setores consumidores de aço nos próximos anos.

No cenário siderúrgico, a China merece toda a atenção do mundo, não apenas pelo elevado crescimento do consumo aparente de produtos siderúrgicos, projetado em 15% neste ano. Em 2001, ela foi a responsável por reerguer o setor siderúrgico com seu alto consumo. E, entre 2003 e 2006, o país asiático inverteu a posição de importador líquido de 34 milhões de toneladas de aço para se tornar exportador de 44 milhões de toneladas de aço. O presidente da Baosteel, Baojun Ai, participa do congresso e vai comentar a trajetória da sua companhia e as tendências globais.

Em relação ao Brasil, a história é outra. Entre 1994 e 2006, enquanto os outros países aumentavam a capacidade do próprio setor siderúrgico, o Brasil, pós-privatização, aplicava US$ 18,9 bilhões na modernização do setor. Somente agora, em 2007, está investindo US$ 15,2 bilhões no parque instalado para elevar a atual capacidade de produção de 37 milhões de toneladas para 50,9 milhões de toneladas de aço até 2012.

As experiências e projeções para o setor siderúrgico brasileiro podem ser abordadas, durante o 20º congresso, pelo presidente do Conselho de Administração do Grupo Votorantim, Antônio Ermírio de Moraes, e pelo presidente do Conselho de Administração do Grupo Gerdau, Jorge Gerdau Johannpeter. Ambos estarão no comando de diferentes painéis.