Título: Para Tata, falta ensino técnico para acelerar o setor
Autor: Borges, André
Fonte: Valor Econômico, 03/11/2006, Empresas, p. B2

Em 2012, se as projeções atuais se confirmarem, o Brasil deverá arrecadar cerca de US$ 9 bilhões com exportação de serviços e sistemas de informática. Neste mesmo ano, a Índia abocanhará aproximadamente US$ 150 bilhões com seus negócios de TI.

"São realidades distintas, por isso não há qualquer possibilidade de comparação", resume Sérgio Rodrigues, presidente da Tata Consultancy Services Brasil (TCS), empresa de origem indiana, especializada em consultoria e desenvolvimento de sistemas.

Ao fazer referência à National Association of Software - a Nasscom, uma organização de apoio às principais empresas de TI da Índia -, Rodrigues afirma que o mais sensato seria usar a Embrapa para compará-la com o Brasil, e não entidades que representam o mercado nacional de TI. "A Índia escolheu a tecnologia. No Brasil, é a Embrapa o que melhor simboliza o caminho que o país decidiu seguir e que hoje domina", comenta.

Ao atacar os motivos que têm freado o crescimento do mercado de TI no país, Rodrigues destaca a necessidade de se investir em formação técnica. "Isso foi deixado para trás. Mas temos que voltar a apostar no ensino técnico. Hoje 29% do mercado é suprido por pessoal que não vem de faculdade", afirma.

Com projeções do governo federal, o executivo alerta para o risco de que faltarão cerca de 230 mil profissional da área de TI no Brasil até 2012. "É preciso entender que essa indústria não vive só de doutores", critica. "Precisamos de gente que saiba programar e que queira entrar no mercado. Isso é o que moverá a pirâmide toda."

A TCS Brasil, que tinha cerca de 200 profissionais em abril de 2005, já ultrapassa a marca de 1,2 mil funcionários no país. Até 2010, a subsidiária deve chegar à marca de até 5 mil empregados. No último mês, a companhia fechou acordo com diversas instituições de ensino para apoiar a formação de alunos em algumas linguagens de programação. Ao concluírem os cursos, os alunos vêm sendo automaticamente contratados pela empresa. (AB)