Título: Brasil quer que Fundo consulte emergentes
Autor: Lyra, Paulo de Tarso
Fonte: Valor Econômico, 12/07/2007, Finanças, p. C8

O governo brasileiro vai protocolar oficialmente no Fundo Monetário Internacional (FMI) pedido para que os países em desenvolvimento - incluindo Brasil, China, Índia e África do Sul - sejam ouvidos de maneira mais ativa na sucessão do espanhol Rodrigo de Rato do cargo de diretor-gerente da instituição. O assunto foi tratado ontem durante a reunião do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o secretário do Tesouro americano, Henry Paulson, o ministro da Fazenda Guido Mantega e a chefe da Casa Civil, Dilma Roussef. Para Mantega, se o FMI pretende recuperar o prestígio perdido, precisa ter participação maior dos países emergentes em sua estrutura.

Mantega fez questão de ressaltar que não existe qualquer veto à indicação de Dominique Strauss-Kahn, que comandou a economia francesa na gestão de Lionel Jospin, de 1997 a 1999. O ministro sustentou que não existe sequer a intenção de apresentar um candidato à vaga. A questão central, disse, é debater mudanças nos mecanismos de escolha dos dirigentes do FMI.

Pela prática vigente, os Estados Unidos têm o direito de indicar o presidente do Banco Mundial; cabe aos europeus a primazia de escolher o diretor-gerente do FMI. Mantega lembrou que o Fundo tem perdido, ao longo dos últimos anos, seu papel na recuperação econômica de países em crise.

A instituição está também perdendo seus clientes. Várias nações, inclusive o Brasil, aproveitaram os bons ventos da economia internacional para quitar suas dívidas com o Fundo. "Ouvir a opinião dos emergentes seria uma maneira de o FMI recuperar sua representatividade", declarou o ministro.