Título: Turbulência à vista no mercado de soja
Autor: Lopes, Fernando
Fonte: Valor Econômico, 23/07/2007, Agronegócios, p. B11

Pressionadas pelas fortes quedas observadas na segunda e na terça-feira, as cotações dos contratos futuros da soja (segunda posição de entrega) encerraram a semana passada com variação negativa de 6,75%, conforme cálculos do Valor Data. Mas os preços continuam atraentes - cerca de 40% acima da média história - e, segundo analistas, a forte volatilidade das últimas semanas tende tende a se aprofundar.

Isso porque as cotações continuam sob forte influência das variações climáticas nos Estados Unidos e seus reflexos no desenvolvimento das lavouras do país. Os tombos do início da semana passada, por exemplo, aconteceram em virtude da melhora das condições meteorológicas em regiões do Meio-Oeste americano. Houve uma recuperação parcial na quarta e na quinta-feira, e na sexta as birutas voltaram a dar o tom.

Assim, os contratos do grão com vencimento em agosto encerraram a semana negociados a US$ 8,5025 por bushel, em baixa de 5,75 centavos de dólar, ao passo que os papéis para entrega em novembro recuaram 6,75 centavos de dólar, para US$ 8,7525. Farelo e óleo têm, de forma geral, acompanhado as oscilações do grão.

Como costuma lembrar Antonio Sartori, da corretora gaúcha Brasoja, o período mais suscetível às variações climáticas nos Estados Unidos vai de 10 de julho a 30 de agosto. Por enquanto esta influência climática está concentrada no campo das expectativas, mas qualquer possibilidade de dano real em uma safra (2007/08) que já será menor em virtude da forte redução de área plantada tenderá a atiçar o nervosismo do mercado - e, neste caso, produzir fortes altas.

Para Vinícius Ito, analista da Fimat Futures em Nova York, acredita que o mercado permanecerá particularmente "volátil e violento" nas próximas três semanas em razão da "pequena margem de erro existente" para a atual safra de soja dos Estados Unidos - que está com seus estoques em queda devido à maior aposta dos produtores locais no milho, por conta da febre em torno do uso do etanol como alternativa ao petróleo. O governo americano projeta esses estoques em 6,67 milhões de toneladas.