Título: Vale investe alto na diversificação
Autor: Vera Saavedra Durão
Fonte: Valor Econômico, 20/01/2005, Empresas &, p. B1

A grande aposta Vale do Rio Doce agora é partir em busca de novas fronteiras de produção, tendo o carvão como principal alvo em portfólio. Depois de ganhar o direito de explorar as minas de Moatize, no Moçambique, a mineradora está montando escritórios na Venezuela e na Austrália para prospectar novas fontes de carvão, "minério relevante para o futuro da Vale", como realçou seu presidente, Roger Agnelli. A companhia vai aplicar este ano US$ 375 milhões em pesquisa mineral ou 20 vezes o que investiu em 2000, dos quais 37% (equivalentes a US$ 180 milhões) serão destinados a tocar negócios em nove países onde se encontram mil funcionários da Vale em busca também de ouro, diamantes, bauxita, manganês, cobre e fosfato. Na semana passada, Agnelli esteve em Caracas, na Venezuela, conversando com o presidente Hugo Chavez para acelerar as pesquisas locais de carvão, que considerou de excelente qualidade, além da possibilidade de olhar outras áreas de exploração de minério de ferro e bauxita. Em setembro, a Vale assinou um memorando de entendimentos com a Corporación de Desarrolo de la Región Zuliana (Corpozulia) para exploração de reservas carboníferas naquele país. A Vale está expandindo sua geografia e hoje está investindo em quatro continentes: Américas, Ásia, África e no novíssimo continente Oceania, na Austrália. Na América Latina atua na Venezuela, acabou de ganhar uma concorrência na província de Neúquen, na Argentina, para explorar potássio, no Norte do Peru prospecta cobre e fosfato, no Chile está fazendo esforços para garimpar cobre.

Na África, está presente em Angola, onde está trabalhando numa extensa área onde pesquisa cobre, diamante, minério de ferro e ouro. No Gabão, tem dados bons resultados as pesquisas de manganês e na África do Sul, manganês e potencialmente minério de ferro e carvão. Na Ásia, a Vale se concentra na Mongólia, onde tem a subsidiária Tethys Mining, em Ulanbaatar, que pesquisa cobre, ouro e carvão. Na Austrália, o alvo é carvão. O programa de pesquisa internacional da Vale é desenvolvido por um grupo seleto de geólogos A prioridade da companhia, segundo Agnelli, é tocar projetos orgânicos, "greenfields" (novos), o que coloca a pesquisa mineral no topo das necessidades. Por esta razão, este ano a mineradora está investindo um volume de recursos muito elevado nesta área, comparado a qualquer outro investimento de qualquer outra mineradora em nível mundial em pesquisa mineral. No Brasil, 36% do orçamento de P&D da companhia foi alocado para Carajás, restando 20% para outras regiões. Na província de Carajás os recursos de pesquisa serão destinados a cobre e níquel, no caso, para o desenvolvimento no projeto da mina 118 de cobre, avaliado em US$ 218 milhões, para produção de 36 mil toneladas/ano de catodo de cobre e do projeto de Vermelho, de níquel, estimado em US$ 875 milhões para produção de 45 mil toneladas/ano do produto. O foco da companhia permanece, porém, no minério de ferro (seu principal negócio), como frisou seu presidente. Dos US$ 3,3 bilhões para inversões em 2005, US$ 1,6 bilhão irão para aumentar a capacidade das minas em 76 milhões de toneladas este ano, podendo atingir no final do ano 282 milhões de toneladas de minério de ferro, ante 206,6 milhões de toneladas em 2004. A produção de minério da Vale cresceu a velocidade média ao ano de 15,6% entre 2001 e 2004. O mercado de minério de ferro continua muito aquecido, na avaliação de Agnelli e assim deverá estar até 2007. Por isso, ele prevê nova alta do preço do produto como coroamento das negociações entre as partes, usinas de aço e mineradoras, ora em curso. "A Companhia Vale do Rio Doce está procurando um reajuste para o minério que reflita a realidade do mercado", afirmou. Com todo este programa de investimento, o analista da Merrill Lynch, Marcelo Aguiar, avalia em relatório que a mineradora deveria ficar longe de aquisições de risco por mais de dois anos.