Título: Funcionários reivindicam reajuste de salários
Autor: Maia, Samantha
Fonte: Valor Econômico, 10/08/2007, Especial, p. A22

Além de concentrar a procura de empresas por parceria com o Centro Paula Souza, o ano de 2004 foi marcado por uma greve de professores, funcionários e alunos da instituição que durou 80 dias. Os trabalhadores reclamavam da falta de reajustes salariais. Além disso, comparavam o crescimento da arrecadação do ICMS pelo Estado com os repasses do governo ao Centro a fim de mostrar que os investimentos estavam caindo. A categoria reivindica que 2,1% da arrecadação de ICMS seja repassada à instituição, o que equivaleria a R$ 924 milhões se considerada a arrecadação de 2007 (R$ 43,8 bilhões).

Dessa forma, a avaliação dos funcionários hoje é que a alta dos repasses para R$ 435 milhões este ano é insuficiente mesmo para manter a estrutura atual do Centro. "Somos a favor da expansão das Fatecs desde que também haja mais investimento geral", diz Silvia Lima, diretora do Sindicato dos Trabalhadores do Centro Paula Souza (Sinteps). A negociação salarial da greve de 2004 resultou em um reajuste de 10% no mesmo ano e mais 20% em 2005 para professores e 11% para funcionários. A categoria pedia 72,22%, alegando que o valor equivalia às perdas salariais desde 1996, ano do último reajuste. O piso salarial dos professores auxiliares da Fatec é de R$ 8,10 a hora aula, sem gratificações. Segundo o sindicato, há uma defasagem de cerca de 50% em relação ao que recebem os professores das demais faculdades estaduais.

Por parte dos estudantes, a crítica maior era voltada à expansão, já iniciada, das unidades. Eles reclamavam que a criação de oito Fatecs entre 2001 e 2004 se deu sem aumento do orçamento da instituição, o que piorava a situação de falta de equipamentos e estrutura para os cursos.

Laura Laganá, diretora superintendente do Centro diz que apesar da expansão da rede, o aumento dos recursos realizado este ano se concentrará na manutenção das unidades já existentes. "De 20% a 30% desses investimentos irão para os projetos novos e o restante será direcionado para as unidades que já temos", diz. Além disso, há o aporte das empresas envolvidas nos projetos. Haverá contratação de 364 funcionários para atender às novas faculdades e 456 para as já existentes. Não há previsão certa para a contratação de professores, segundo Laura, porque eles são celetistas, o que dá maior liberdade de decisão ao Centro.

Para Denise Rykala, diretora do sindicato, o anúncio dos valores a serem repassados não garante o recebimento. "Nossa experiência com contingenciamento nos deixa atentos para essa promessa de mais recursos", diz. Ela explica que o governo não colocou as metas de investimentos na Lei de Diretrizes Orçamentárias, pois ficou de detalha-las no Plano Plurianual, ainda não apresentado.(SM)