Título: Turbulência derruba commodities agrícolas
Autor: Scaramuzzo, Mônica
Fonte: Valor Econômico, 17/08/2007, Agronegócios, p. B15

Apesar dos fundamentos continuarem os mesmos para as commodities agrícolas, os preços futuros dos produtos negociados nas bolsas de Nova York, Chicago, Kansas e em Londres registraram ontem (dia 16) forte recuo. O motivo são as turbulências no mercado internacional, iniciadas com a crise imobiliária nos Estados Unidos.

Em Nova York, o café registrou a maior queda entre os contratos (segunda posição) negociados na bolsa. Os contratos para dezembro fecharam a US$ 1,1525 a libra-peso, baixa de 6,4%. Os preços foram pressionados pela saída dos fundos do mercado. O açúcar apresentou recuo de 3,4%. O cacau teve baixa de 4,2%. O suco de laranja teve queda de 0,7% e o algodão caiu 5%. Em Londres, os preços do açúcar tiveram queda de 2,9%. O cacau caiu 3,1% e o café teve baixa de 3,6%.

Em Chicago, a soja foi o produto que apresentou a maior queda (entre os contratos de segunda posição). Os contratos para novembro fecharam a US$ 8,1450 o bushel, com baixa de 40 centavos. Os contratos de milho caíram 1,8% e o trigo, 1,3%. Na bolsa de Kansas, os preços do trigo caíram 1,7%.

Analistas ouvidos pelo Valor afirmam que os fundamentos para os grãos, que estão sob efeito do clima nos EUA, continuam os mesmos. No caso do açúcar e do suco de laranja, o mercado reage ainda à super oferta dos produtos no mercado global. "No mercado, há entendimento de que a queda das commodities está ligada às turbulências. Mas a dúvida é até quando esse movimento será baixista", diz Vinícius Ito, da Fimat Futures, corretora com sede em Nova York. De acordo com Ito, não haverá mudanças de uma hora para outra.

A forte queda das commodities reflete o fato de os fundos de investimentos e especuladores saírem em peso de suas posições. "Há um medo de que as agências de classificação de risco não tenham alertado o mercado sobre os riscos das empresas envolvidas na crise", diz Ito. Segundo ele, as commodities vão continuar pressionadas pelo atual movimento do mercado.

Para José Carlos Hausknesht, da MB Associados, o mercado atua sob o efeito psicológico da crise, o que ajuda a pressionar todas as commodities. A expectativa é de que o mercado continue pressionado nos próximos dias, acompanhando o movimento de turbulência do mercado. Segundo o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, a "tendência é que a situação se estabilize", referindo-se à crise. "Iremos seguir observando o desempenho dos indicadores de mercado para avaliar o cenário".