Título: Nova trading de café agora quer ter BNDES como sócio
Autor: Mônica Scaramuzzo
Fonte: Valor Econômico, 26/01/2005, Agronegócio, p. B8

A Global Companhia de Café S.A., empresa formada por quatro cooperativas do setor, aguarda uma resposta do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para entrar em operação. O banco foi formalmente convidado para ser um dos sócios da nova companhia, idealizada há mais de um ano, mas a eventual participação está em análise. Para iniciar suas atividades, a nova trading precisa levantar capital de giro, admitiu ao Valor o deputado federal Carlos Melles, presidente da Cooparaíso, de São Sebastião do Paraíso (MG), uma das sócias da companhia. "A Global já foi constituída como empresa". Segundo Melles, ela reúne cerca de 11 mil produtores. Ainda conforme o ex-ministro do Esporte e Turismo do governo Fernando Henrique Cardoso, serão necessários R$ 180 milhões de capital. As cooperativas envolvidas - Cooparaíso, Boa Esperança e MinaSul, todas de Minas, e Cocapec, de São Paulo - deverão entrar com recursos próprios de R$ 30 milhões. Outros R$ 30 milhões dependem da entrada do BNDES como parceiro. "Os R$ 120 milhões restantes serão captados no mercado". Esses cooperativas têm capacidade para comercializar cerca de 3 milhões de sacas de café anualmente. Os cafeicultores contam com o apoio do Ministério da Agricultura no projeto. Segundo Ivan Wedekin, secretário de Política Agrícola do ministério, a criação de tradings comercializadoras faz parte da estratégia do governo para incentivar o agronegócio. Wedekin citou como exemplo a Serlac, criada para exportar produtos lácteos. O secretário disse que participou, no ano passado, de uma reunião no BNDES com o presidente executivo da Global, Jório Dauster, que expôs o projeto ao banco. No BNDES, contudo, a análise do pedido de participação, por meio do BNDESPar (a empresa de participações do banco), ainda não foi encaminhada à reunião de diretoria do banco. Antes de chegar à diretoria, terá de passar por outras instâncias, informou o BNDES por meio de sua assessoria. Para Dauster, a participação do BNDES trará maior peso para atrair os investidores estratégicos para a nova companhia. O executivo disse estar otimista e acredita que a empresa já estará em operação na safra 2005/06. Dauster ainda não pensa em um "plano B" caso o BNDES não aceite fazer parte da sociedade. Segundo ele, o setor aguarda um desfecho positivo para o empreendimento das cooperativas, uma vez que o governo está dando apoio ao projeto. "As cooperativas terão gestão independentes, mas se comprometerão a vender sua produção para a Global, que terá maior poder de negociação no mercado". Antes de chegar ao seu formato atual, a nova companhia passou por mudanças em sua estrutura. O projeto inicial contava com nove cooperativas. Duas delas saíram em razão de problemas financeiros, explicou Dauster. Segundo ele, serão contratados profissionais de mercado e a empresa não descarta abrir seu capital no futuro.