Título: Soja na Amazônia ainda gera polêmica
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 29/08/2007, Agronegócios, p. B14

O avanço do plantio de soja na região amazônica ainda é motivo de polêmica entre grupos brasileiros. Ricardo Young Silva, presidente do Instituto Ethos, foi alvo de críticas por representantes das indústrias de soja ao anunciar dados referentes ao desmatamento da Amazônia e do cultivo de soja em áreas desmatadas. Em uma apresentação durante o 6º Congresso Brasileiro de Agribusiness, encerrado ontem em São Paulo, Silva apresentou dados mostrando que o plantio de soja na região amazônica (excluindo o leste do Maranhão) aumentou de 2,6 milhões para 5,2 milhões de hectares entre 2001 e 2004. "E fazendo um vôo pela região recentemente, o que se nota é um grau de devastação impressionante no norte do Mato Grosso até o Pará", afirmou Silva.

O discurso foi criticado por representantes das indústrias. "A divulgação de informações como essas só mostra que nem os brasileiros têm consciência do que é realmente desmatamento", afirmou Ocimar de Camargo Villela, gerente de meio ambiente e segurança do trabalho do Grupo André Maggi. Ele citou estudo promovido pela Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) que revela que o Bioma Amazônico (formado pela floresta e matas ciliares) possui 418,888 milhões de hectares e 1,15 milhão de hectares desse total (0,3 %) é ocupado com soja. "Falta um programa de zoneamento econômico e ecológico, para que o setor saiba com precisão em que áreas se deve ou não plantar determinado tipo de cultura. As regras ainda são muito imprecisas", criticou Adalgiso Telles, diretor corporativo da Bunge.

Carlo Lovatelli, presidente da Abiove, disse que até o fim de setembro será publicado o resultado do trabalho feito entre iniciativa privada, ONGs e órgãos de governo para conter o desmatamento. O INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) publicará um mapa comparando as áreas desmatadas até julho de 2006 e neste ano. "A partir daí será possível saber se houve plantio de soja em áreas desmatadas." (CB)