Título: Eaton estuda nova unidade industrial na região Sul
Autor: Marli Olmos
Fonte: Valor Econômico, 27/01/2005, Empresas &, p. B7

A Eaton , fabricante de transmissões para veículos e máquinas agrícolas, enfrenta a necessidade de ampliar sua produção. Já não tem mais espaço nas fábricas de São Paulo e, diante da solicitação dos clientes do setor agrícola, que se concentram no Sul, estuda a instalação de uma nova unidade naquela região. O presidente da Eaton, Carlos Alberto Briganti, esteve ontem com o governador do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto. Na volta da reunião, já em São Paulo, Briganti disse que a decisão será tomada até o fim do trimestre. "Estamos avaliando todas as possibilidades", destacou o executivo. Segundo ele, instalar uma linha de produção próxima aos fabricantes de máquinas agrícolas, que se concentram no Sul, é uma vantagem logística que está sendo levada em consideração. O executivo não detalha os projetos que estão sendo analisados. Uma das hipóteses é adquirir uma fábrica já erguida. Os recursos necessários estão incluídos num programa de investimentos que totalizará R$ 150 milhões, conforme foi antecipado pelo Valor em 16 de dezembro. Segundo informações divulgadas pelo governo do Rio Grande do Sul, técnicos da Secretaria do Desenvolvimento e dos Assuntos Internacionais e representantes da empresa se reunirão nos próximos dias para discutir o projeto. A discussão envolve a concessão de linhas de financiamento especiais, concedidas pelo governo gaúcho. "A produção de insumos aqui interessa ao Estado, pois significa uma geração menor de créditos de ICMS", ressaltou o Rigotto, em nota divulgada à imprensa ao final do encontro com a direção da Eaton. O secretário Luis Roberto Ponte lembrou que o setor de máquinas agrícolas é um dos principais exportadores e, "conseqüentemente, retém muitos créditos de ICMS". A Eaton precisa elevar a produção em 50% até o final do primeiro semestre deste ano para poder atender as novas encomendas que vêm, sobretudo, do crescimento das exportações das montadoras. Com fábricas hoje em Valinhos e Mogi Mirim, cidades do interior de São Paulo, a Eaton produz transmissões para carros, picapes e caminhões. A exemplo de outros fornecedores da indústria automobilística, o ritmo de produção nessa empresa está acelerado. Nos últimos meses, a companhia teve de recorrer a horas extras, inclusive nos fins-de-semana. A empresa também cancelou as tradicionais férias coletivas de fim-de-ano No ano passado, a empresa abriu 900 empregos. Isso representou incremento de aproximadamente 40% no total de funcionários, que passou para 3,2 mil. A estratégia de ampliação da Eaton no Brasil começou em 2000, quando a multinacional americana decidiu construir sua segunda fábrica no país em Mogi Mirim, no interior de São Paulo, para atender novos contratos, da Mercedes-Benz, e também ao crescimento dos pedidos da General Motors. Em 2004, 30% das transmissões produzidas nas fábricas brasileiras da empresa foram exportadas. O principal destino é a matriz da companhia, nos Estados Unidos, que sozinha fica com 25% de toda a produção brasileira. Mogi opera em quatro turnos e abriga mil empregados. Os pedidos tendem a continuar firmes. Todos os clientes que fabricam caminhões e picapes estão pedindo mais transmissões. Além disso, uma versão de picape fabricada na Argentina, que usava transmissão importada, passará, neste ano, a contar com o componente da filial brasileira da Eaton . Embora no segmento de carros de passeio sejam as próprias montadoras que se encarregam da fabricação das transmissões, no Brasil a General Motors decidiu transferir a tarefa para a Eaton . Com operações em mais de 50 países, a Eaton registrou faturamento global de US$ 10 bilhões em 2004.