Título: ABN supera mercado em expansão do crédito e amplia lucro em 76,9%
Autor: Carvalho, Maria Christina
Fonte: Valor Econômico, 08/11/2007, Finanças, p. C14

A longa negociação em torno da mudança de controle que envolveu a matriz durante a maior parte do ano não afetou os resultados do ABN AMRO no Brasil. O banco divulgou ontem o maior avanço da carteira de crédito entre as grandes instituições privadas de varejo que até agora anunciaram balanço de nove meses e não ficou atrás em resultados.

Puxado por um aumento de 30,58% da carteira de crédito incluindo garantias e de 35% sem a garantias, o Banco ABN AMRO Real registrou lucro líquido de R$ 2,249 bilhões nos nove primeiros meses do ano, 76,95% a mais do que em igual período de 2006. Excluindo ganhos extraordinários obtidos com a venda parcial da participação do banco na Serasa, as operações de proteção ao capital e o investimento em terceirização de serviços realizado em 2006, o lucro líquido do banco de janeiro a setembro ficou em R$ 2,194 bilhões, 56% acima do registrado no mesmo período de 2006. O retorno sobre o patrimônio líquido anualizado saltou quase 10 pontos, de 19,8% em 2006 para 28,1% neste ano.

A carteira de crédito do ABN AMRO Real fechou setembro em R$ 66,991 bilhões incluindo garantias e em R$ 61,32 bilhões sem as garantias, com crescimento de 30,58% e 35%, respectivamente, em doze meses. Com essa taxa, o banco supera o mercado que exibiu aumento médio de 28,7% no crédito com recursos livres.

A carteira de crédito para pessoas físicas do ABN AMRO cresceu em linha com o mercado 31,44% nos doze meses terminados em setembro para R$ 27,285 bilhões. Mas, a de pessoas jurídicas surpreendeu, com aumento de 36,28% em doze meses para R$ 31,398 bilhões.

Matioli explicou que o crescimento se deu nas linhas para pequenas e médias, negócios em que o banco se destaca, segundo disse, pela habilidade em avaliar o risco de crédito e reforço trazido pelo adquirido Sudameris.

De fato, enquanto o crédito para as grandes empresas despencou 31% porque elas passaram a recorrer mais ao mercado de capitais, os empréstimos para as empresas médias saltaram 55,1% nos doze meses terminados em setembro, atingindo R$ 12,240 bilhões; e os destinados às pequenas, cresceram 52,3% para R$ 15,988 bilhões.

Na área de pessoa física, Matioli destacou a expansão de 40,97% do financiamento de veículos, realizado pela financeira Aymoré, cuja carteira atingiu R$ 16,498 bilhões em setembro.

O executivo acrescentou que a estratégia de expansão da rede de atendimento, ampliada em 39 agências e PABs nos últimos doze meses e a meta de instalar mais 50 no próximo ano, contribuiu para a expansão do crédito.

Na esteira da expansão da rede, cresceu também a carteira de clientes. Matioli informou que o banco atraiu 900 mil novos clientes não correntistas nos doze meses terminados em setembro. O número de correntistas passou de 12,9 milhões para 13,8 milhões, incluindo conta corrente, poupança, investidores de fundos e financiamento de automóveis. Somente o número de contas correntes cresceu 100 mil para 4 milhões.

O banco afirma deter 6,9% do mercado total de crédito, somando-se recursos livres e direcionados, 9,1% do crédito para pessoas físicas (recursos livres) e 8,1% do crédito para pessoas jurídicas, especialmente pequenas e médias empresas. No mercado de financiamento imobiliário, o banco encerrou o terceiro trimestre com uma carteira de R$ 2,637 bilhões, com expansão de 46,7% em doze meses e fatia de 7% do mercado.

Apesar do aumento do crédito, a inadimplência está em queda: o percentual das operações com atraso acima de 90 dias em relação à carteira total caiu de 3,4% em setembro de 2006 para 3% em setembro passado. As despesas de provisão cresceram 22%, acumulando R$ 1,816 bilhão em doze meses. Mas, em relação à carteira de crédito total representou 5,4% nos primeiros nove meses de 2007, com queda de 50 pontos-base em relação ao mesmo período do ano anterior (5,9%), em reflexo da melhora na qualidade dos ativos.

Os créditos classificados nas classes de risco AA-C representaram 92,8% do total da carteira, pequena melhora quando comparado aos 91,9% ao final de setembro de 2006. Os créditos classificados como E-H recuaram para 5,7% do total da carteira

ao final de setembro de 2007 (6,4% em setembro de 2006). O índice de cobertura da carteira (créditos classificados nas classes de risco D-H) encerrou o terceiro trimestre estável em 66,7% (66,8% em setembro de 2006).

O novo controlador do ABN AMRO no Brasil, o Santander, teve um aumento de lucro em nove meses semelhante, de 53%, para R$ 1,358 bilhão. Mas a carteira de crédito cresceu menos, 26% para R$ 40,929 bilhões.