Título: Para Mantega, pior da turbulência financeira internacional já passou
Autor: Galvão , Arnaldo
Fonte: Valor Econômico, 03/10/2007, Finanças, p. C2

Mantega: exportações continuam a crescer e estão "melhor que o esperado" Já passou a pior fase da turbulência financeira internacional, iniciada com a crise de crédito imobiliário nos Estados Unidos, acredita o ministro da Fazenda, Guido Mantega. "Em 2008, não teremos consequência maior dessa turbulência. Até o final deste ano, acredito que todos os problemas serão absorvidos. Se houver uma pequena desaceleração na economia mundial, já vimos que vai atingir pouco o Brasil", garantiu, ponderando que isso não significa que a crise acabou. Um claro sinal de que ela ainda continua fazendo vítimas é a divulgação das perdas dos bancos que foram envolvidos na crise de inadimplência do crédito imobiliário americano.

Portanto, Mantega concluiu que ainda está em andamento um processo de assimilação dos impactos dessa turbulência e elogiou a eficiência da atuação dos bancos centrais da Europa e dos Estados Unidos nesse período. "No Brasil, quase não temos repercussão. É só ver nossos ativos e a bolsa", justificou.

O ministro disse ainda que não está preocupado com a redução do superávit da balança comercial do patamar de US$ 46 bilhões, saldo acumulado no ano passado, para a faixa dos US$ 40 bilhões este ano, por causa de uma maior valorização da taxa de câmbio que vem estimulando as importações.

Mantega argumentou que essa variação já era esperada pelo governo porque a economia está crescendo mais e a importação atende a parte da demanda interna. "É salutar porque diminui a pressão sobre o real. Queremos manter um superávit comercial, mas talvez não precisemos de US$ 46 bilhões. Esse movimento de adequação é natural com o crescimento maior da economia", avaliou.

O crescimento das exportações foi citado por Mantega como um fator "tranquilizador". Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), as exportações cresceram 15,5% no período janeiro-setembro. Mas nesses nove meses, as importações aumentaram 28,3%. "Não estou preocupado porque não há perda de fôlego. As exportações continuam crescendo e estão melhor que o esperado", disse.

No lado das importações, o ministro afirmou que elas já estavam crescendo de forma "robusta" e até desaceleraram, apesar de estarem crescendo mais que as exportações. Vem daí a queda do saldo comercial. Mantega também argumentou que o Brasil tem, proporcionalmente ao volume de comércio exterior, saldo maior que o da China. Nessa comparação, o saldo chinês representa cerca de 12% da soma de exportações e importações (corrente de comércio). No caso brasileiro, o superávit comercial representa aproximadamente 16%.