Título: Paraíba aposta no álcool sustentável
Autor: Scaramuzzo , Mônica
Fonte: Valor Econômico, 04/10/2007, Agronegócios, p. B14

A Paraíba tem uma produção pequena de cana-de-açúcar, cerca de 6 milhões de toneladas estimada para a safra 2007/08. O volume produzido em todo o Estado equivale à moagem de uma única usina paulista. Mas a pequena escala industrial não impede que as usinas do Estado saiam em busca de parcerias internacionais para a produção de álcool sustentável.

As 10 usinas do Estado estão contratando um executivo para divulgar o álcool do Paraíba na Alemanha. Segundo Edmundo Barbosa, presidente do Sindicato das Indústrias de Álcool da Paraíba (Sindálcool), o Estado quer que o álcool paraibano seja associado às boas práticas socioambientais. "Buscamos certificado 'fairtrade'."

Nesse sentido, o Sindálcool já negocia com duas empresas européias a distribuição de álcool do Estado. Há conversas com a Nesteoil, distribuidora de petróleo da Finlândia, e a sueca Sekab, que produz projetos para álcool naquele país, informa Barbosa. "Essas empresas estão interessadas em distribuir o álcool nos transportes coletivos", afirma.

Para garantir maior valor agregado ao álcool, as usinas estão trabalhando no reflorestamento das matas nativas do Estado e esperam lucrar com essa iniciativa. "Há empresas estrangeiras interessadas nos créditos de carbono do nosso corredor ecológico", diz Barbosa.

Com uma produção de 380 milhões de litros de álcool, as usinas da Paraíba devem exportar 50 milhões de litros nesta safra. Outros 10% da produção serão absorvidos no Estado e, o restante, comercializado em outros Estados do Nordeste que não produzem álcool.

Apesar da pequena escala, a Paraíba é o terceiro maior produtor sucroalcooleiro o Nordeste, atrás de Alagoas e Pernambuco. As usinas também estão em busca de parcerias com empresas do Estado e estrangeiras para investir na co-geração de energia a partir do bagaço. Das 10 usinas, apenas uma, a Geasa, controlada pela Louis Dreyfus Commodities Bioenergia, negocia energia para uma empresa do Estado. O restante produz energia apenas para consumo próprio.

"Precisamos financiar caldeiras com potência maior", afirma Edmundo Barbosa. Mas a falta de escala dessas usinas impede que elas consigam financiamentos junto a instituições financeiras, como o BNDES, por exemplo.

A produção de açúcar no Estado é estimada em 156 mil toneladas. Deste total, 80% são comercializados no mercado interno. O restante é exportado. O Estado está incluído no pacote de exportações da cota americana, com 5 mil toneladas. Alagoas tem direito a 90 mil toneladas e Pernambuco a 78 mil toneladas. Os preços pagos por esse açúcar é o dobro das cotações praticadas na bolsa de Nova York.