Título: Situação preocupa Palácio do Planalto
Autor: Lyra , Paulo de Tarso
Fonte: Valor Econômico, 10/10/2007, Política, p. A11

O governo teme que a deterioração do cenário político do Senado dificulte ainda mais a aprovação da CPMF na Casa. O Planalto trabalha no limite extremo dos votos favoráveis à prorrogação do imposto do cheque. Pelos cálculos otimistas, o Executivo tem 43 votos favoráveis à PEC (são necessários 49 votos para sua aprovação). Os demais votos viriam de oposicionistas que mudaram ou mudarão de legendas, que seguem pressões dos governadores ou que se sentem constrangidos por ocupar cargos estratégicos.

Os comentários feitos no Congresso são de que pelo menos oito parlamentares de oposição ou que migraram agora para partidos governistas poderão votar a favor da CPMF. Edison Lobão (que migrou ontem para o PMDB); Romeu Tuma (que deve filiar-se ao PTB); Jayme Campos (DEM-MT); Jonas Pinheiro (DEM-MT); Antonio Carlos Magalhães Júnior (DEM-BA); César Borges (recém-filiado ao PR); Adelmir Santana (DEM-DF) e Rosalba Ciarlini (DEM-RN).

A ofensiva é total. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, tem mantido contatos constantes com os governadores, sobretudo com aqueles que têm investimentos do PAC em seus Estados, para pressioná-los com a não liberação de verbas se não pressionarem seus senadores. No Planalto, ninguém acredita que os tucanos José Serra (São Paulo) e Aécio Neves (Minas Gerais) vão orientar suas bancadas a votarem contra a CPMF. "Imagina, eles querem ser presidentes em 2010", disse um ardoroso governista. Outro governador oposicionista que trabalharia a favor da CPMF, segundo fontes do Planalto, é José Roberto Arruda (DEM -Distrito Federal), presença constante em eventos com o presidente Lula, sempre proferindo palavras elogiosas ao petista.

O Planalto praticamente jogou a toalha em relação a alguns senadores da base, mas que manifestaram aversão à prorrogação da CPMF: Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE); Pedro Simon (PMDB-RS); Mão Santa (PMDB-PI); Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR) e tem dúvidas sobre o posicionamento de Cristovam Buarque (PDT-DF).

Toda essa contabilidade apertada pode cair por terra se a oposição e setores do PT confirmarem a disposição de obstruir todas as votações da Casa enquanto Renan permanecer na presidência do Senado. "Torcemos para as coisas se acalmarem porque, senão, vai ficar ainda mais complicado do que já está", disse um ministro palaciano.