Título: Brasil é 4º mais rentável da América Latina, diz OCDE
Autor: Moreira , Ivana
Fonte: Valor Econômico, 12/11/2007, Finanças, p. C3

Foi no Peru que os fundos de pensão da América Latina registraram a melhor rentabilidade no ano passado, 28,3% de taxa nominal e 26,8% de taxa real de rendimento bruto. O Brasil ainda é o quarto no ranking dos países latino-americanos mais rentáveis para as instituições de previdência complementar.

Os números fazem parte de um relatório preliminar da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). A entidade pretende lançar em 2008 um estudo completo sobre o mercado de fundos de pensão no continente, com taxas referenciais que poderão ser usadas como metas todos os países.

Na avaliação que compreende o período entre 1994 e 2006, o Brasil foi o pior da América Latina em rendimento bruto para os fundos de pensão, embora a taxa nominal fosse a mais alta, de 25,7% ao ano.

A taxa real brasileira foi de 6,3% ao ano, abaixo do resultado obtido pela Colômbia, que registrou no período taxa real de rendimento bruto de 6,7%.

Dos dez países avaliados entre meados da década de 1990 e o ano passado, foi o Uruguai que apareceu como o país onde os fundos de pensão mais ganharam dinheiro, com uma taxa real de rendimento bruto de 11,8%.

A melhora dos parâmetros macroeconômicos, como a queda da inflação, levou o Brasil a subir vários degraus, no último ano, no ranking da OCDE.

Embora ainda exista uma diferença grande entre a taxa nominal e a taxa real de rendimento, essa discrepância, em pontos percentuais, caiu pela metade, de acordo com o levantamento da OCDE.

No ano passado, segundo os dados da entidade internacional, a taxa nominal de rendimento bruto foi de 23,4% e a real, 13,4%.

Tiveram performance melhor que o Brasil, além do Peru, o Chile, com 15,8% de taxa real, e a Argentina, com 14%.

Na avaliação do diretor da unidade de Previdência Privada da OCDE, Juan Yermo, os dados preliminares do estudo produzido pela entidade mostram que o Brasil estará entre os melhores mercados para os investimentos dos fundos de pensão.

E será cada vez mais procurado pelos fundos estrangeiros. "Há oportunidades aqui que não há mais nos países de origem desses fundos", afirmou o executivo da Organização.

A rentabilidade para os fundos, analisa Yermo, dependerá da capacidade dos gestores de diversificarem suas carteiras, enxergando antes dos outros oportunidades que estão surgindo em áreas como infraestrutura, logística e novas tecnologias.

"As oportunidades não são para todos", destaca o diretor da OCDE, lembrando que será preciso estar atento às oportunidades de investimento dentro do país. Juan Yermo foi um dos palestrantes do 28º Congresso Brasileiro de Fundos de Pensão, encerrado na sexta-feira, em Belo Horizonte.

A necessidade de os fundos diversificarem suas carteiras para conseguir bons índices de rentabilidade em tempos de queda da taxa de juros foi a principal discussão durante três dias de Conferência em Belo Horizonte.

O gerente da área de aposentadoria da Towers Perrin, Felinto Sernache, alertou os gestores dos fundos de pensão para a necessidade de utilizar métodos mais sofisticados de análises de investimentos neste cenário em que será preciso aceitar riscos maiores para garantir a rentabilidade.