Título: Volume e valor de vendas de adubos serão recordes
Autor: Lopes , Fernando
Fonte: Valor Econômico, 22/11/2007, Agronegócios, p. B15

O aumento da demanda e a alta de preços deverão resultar em vendas recordes de fertilizantes no Brasil em 2007, tanto em volume quanto em valor. É a expectativa desde o início do ano, mais uma vez confirmada apesar da desaceleração do mercado brasileiro em outubro, que já era esperada pelos atores do segmento.

Segundo dados preliminares da Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda), as entregas das misturadoras de fertilizantes a suas revendas no país alcançaram 3,2 milhões de toneladas de produtos finais no mês passado, 8% menos que em outubro de 2006.

Esta queda já era prevista por dois motivos principais: em primeiro lugar, porque em outubro do ano passado a demanda foi atipicamente elevada, em parte por incertezas nos meses anteriores relacionadas à descapitalização de produtores de grãos; em segundo, porque a antecipação de compras para o plantio desta safra 2007/08 foi grande no primeiro semestre.

Com a retração, de janeiro a outubro as entregas somaram 20,6 milhões de toneladas, 24% acima do total dos primeiros dez meses de 2006. Graças ao forte ritmo de vendas dos últimos meses, as taxas de incremento dos volumes acumulados, como já se previa, continuam em queda. Em agosto, chegava a 45%; em setembro, a 33%.

Daher espera um ritmo mais lento das vendas também neste último bimestre, mas nada que ameace as perspectivas de que as entregas atinjam 24,5 milhões de toneladas em 2007, quase 17% acima do volume do ano passado e um novo recorde histórico.

Como os preços praticados este ano estão mais de 30% superiores aos de 2006, a receita oriunda dessas vendas tende a chegar, de acordo com projeção preliminar, cerca de R$ 17 bilhões, ante os R$ 12 bilhões do ano passado, e também o maior valor de todos os tempos.

Daher reforça que a alta de preços decorre do comportamento das cotações no exterior, sobretudo no caso das matérias-primas derivadas do nitrogênio, que sofrem forte influência das oscilações do petróleo. A contaminação internacional, que inclui o frete - que também disparou - é direta sobre os preços internos porque o Brasil depende de importações.

"Para produtos como soja e milho, que estão com ótimas cotações internacionais, a relação de troca com fertilizantes ainda se mostra vantajosa", diz Daher.

O executivo reconhece que há sinais de que os sucessivos aumentos de preços no exterior estão perto do pontos de resistência, mas acredita que só haverá algum alívio significativo em 2009 ou 2010, quando projetos de expansão da produção em curso em países exportadores sairão efetivamente do papel.

De janeiro a outubro, as compras brasileiras de matérias-primas para adubos no exterior alcançaram 14,2 milhões de toneladas, 41% mais que em igual intervalo de 2006. Na comparação, a produção nacional - que está a pleno vapor - aumentou 13%, para 8,3 milhões de toneladas.