Título: Volume de crédito é o maior desde 1995
Autor: Izaguirre , Mônica
Fonte: Valor Econômico, 28/11/2007, Finanças, p. C1

Após nove meses seguidos de crescimento, a relação entre o volume de crédito e o Produto Interno Bruto brasileiro atingiu 34% no final de outubro, maior patamar registrado desde junho de 1995. Em relação ao que eram no final de 2006, os empréstimos e financiamentos do sistema financeiro mostraram expansão equivalente a 3,2% do PIB, refletindo, principalmente, a melhora de indicadores sobre massa salarial e emprego formal, anunciou ontem o chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Altamir Lopes.

Em valores nominais, o saldo dessas operações fechou outubro em R$ 880,8 bilhões, com aumento 2,7% no mês e de 20,2% no acumulado de 2007. O volume de crédito cresceu principalmente nos bancos privados de controle nacional, cuja carteira registrou expansão de 3,3% no mês e de 26,7% em dez meses, atingindo R$ 382,98 bilhões.

A dos bancos públicos, que alcançou R$ 301,65 bilhões, aumentou bem menos sobretudo no acumulado do ano, período em que a variação foi de 12,3% (no mês foi de 2,5%). Firmadas em sua maior parte por intermédio de repasses a outros bancos públicos, as operações do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) registraram expansão ainda mais modesta, de 9,3%, no ano. A carteira dos bancos privados sob controle estrangeiro, por sua vez, fechou outubro com crescimento de 21,3% sobre a posição de dezembro de 2006, atingindo R$ 196,16 bilhões.

Analisando as operações por segmento tomador, o BC constatou que o crédito que mais se expandiu foi o relativo à aplicação de recursos livres dos bancos em empréstimos e financiamentos a pessoas físicas. A variação atingiu, nesse caso, 3,1% no mês e 28,1% no acumulado do ano. Dentre as operações com esse segmento da clientela, destacaram-se as de arrendamento mercantil, associadas normalmente à aquisição de veículos, cujo saldo cresceu 49,3% em dez meses. No total do crédito livre a pessoas físicas, que chega a R$ 304,9 bilhões, as de ´leasing´ representam, porém, apenas cerca de 8%.

O estoque de crédito livre para empresas alcançou R$ 314,48 bilhões ao final de outubro, 2,6% a mais do que era no final de setembro e 20,8% acima da posição de dezembro de 2006. Também no segmento de pessoas jurídicas, o leasing se destacou, com o saldo atingindo, ao final do mês, R$ 32,811 bilhões. Isso representou incremento de 4,5% no mês e de 59,4% no acumulado de dez meses, ressaltou Altamir Lopes. Também foi expressiva, chegando a 28,6% no ano, a variação do estoque de crédito rural livre a empresas. Já o crédito rural decorrente de aplicações obrigatórias dos bancos apresentou expansão de 12% no mesmo período. Porém, enquanto o direcionado já somava R$ 60,89 bilhões no final de outubro, o crédito rural livre ainda era muito pequeno, de apenas R$ 1,85 bilhão na mesma data.

O atual processo de ampliação da oferta de crédito não traz preocupações ao Banco Central sob o ponto de vista da solidez do sistema financeiro porque vem acompanhado de uma melhora no perfil de risco das carteiras e de uma queda na inadimplência. As operações com parcelas em atraso há mais de 90 dias, que representavam 3,7% do total no final de 2006, apresentaram queda relativa ao longo do ano, fechando outubro em 3,3%.

A redução da inadimplência tranqüiliza o BC porque ocorreu em todos os três segmentos do sistema financeiro. Nos bancos públicos, o índice recuou de 2,8% para 2,5% do total da carteira, em dez meses. Nos privados de controle nacional, a inadimplência caiu de 4,4% para 4%, e nos de controle estrangeiro, de 3,6% para 3,1%, no mesmo intervalo de tempo.