Título: 1.200% em 7 anos
Autor: Fariello, Danilo
Fonte: Valor Econômico, 03/01/2008, Eu & Investimento, p. D1

Sete anos após sua criação, a Carteira Valor chega à rentabilidade acumulada de 1.198% e bate com folga a evolução do Índice Bovespa (Ibovespa) no período, de 319%. Isso significa que, para cada R$ 1 mil investido em janeiro de 2001, segundo a seleção de recomendações do Valor entre dez corretoras do mercado, o aplicador teria recebido outros R$ 12 mil. Além da alta rentabilidade, a escolha das poucas e boas ações do mercado ao longo desses sete anos mostrou consistência. Mesmo atravessando os períodos de 2001 e 2002, em que o Ibovespa caiu 11% e 17%, respectivamente, a Carteira Valor permanece invicta, sem nunca encerrar um ano com prejuízo ou mesmo perder para o Ibovespa. Em 2007, o portfólio sugerido subiu 48,33%, enquanto o principal índice da bolsa, hoje com 63 papéis, subiu 43,65%.

Como em tantas vezes ocorreu ao longo desses anos após momentos de forte alta, para janeiro de 2008 as recomendações tomaram um rumo ligeiramente mais conservador. "Há um ar de maior volatilidade no mercado neste começo do ano, ainda por incertezas quanto à economia americana e agora também quanto ao rumo dos juros no Brasil, depois dos números recentes mais altos de inflação", diz Fabio Anderaos, estrategista da corretora do Itaú. A corretora substituiu em sua carteira os papéis das debutantes do mercado Medial Saúde e Fertilizantes Heringer, para incluir Bradesco e Petrobras.

Como conseqüência dessa maior inquietação do mercado, continua a tendência de se mirar o mercado interno dadas as expectativas de crescimento do consumo em 2008. Isso fez com que, depois das queridinhas Vale PNA e Petrobras PN, Perdigão ON fosse a única empresa na Carteira Valor com pelo menos três indicações. O aumento no consumo pesou também para que a Geração Futuro incluísse em sua carteira Guararapes PN e Usiminas PNA, além de manter Plascar ON, com a expectativa de aceleração no ritmo de venda de automóveis por aqui. "Depois da forte valorização recente das ações, o investidor tem de entender que o espaço para altas foi reduzido, mas ainda há boas opções", diz Wagner Salaverry, da Geração Futuro.

Também a corretora Ativa, iniciante na Carteira, indica papéis de empresas que podem lucrar mais com o bom desempenho do mercado consumidor brasileiro, como Lojas Americanas PN e Positivo ON - ambas as empresas têm duas indicações neste mês. A outra corretora a ingressar na Carteira Valor este ano é a Planner. Saíram do grupo Ágora e Banif.

As novas participantes também colocam em suas carteiras as vedetes do mercado Vale PNA e Petrobras PN, líderes de indicações. Apesar da alta de 22,95% em dezembro e de o petróleo ter atingido ontem o recorde US$ 100 o barril, Petrobras PN ainda lidera em número de indicações, com sete. "Acreditamos que em 2008 continuaremos a observar um fluxo positivo de notícias referentes à área de exploração e produção da estatal e também referentes ao aumento da produção nacional de petróleo", diz Monica Araújo, da área de estratégia da Ativa Corretora.

O desempenho da Carteira Valor ao longo dos seus sete anos provou o sucesso de uma escolha apurada e consistente em uma seleção diversificada de ações. O investidor que gosta de acompanhar o mercado tem de avaliar sua carteira periodicamente, mesmo que tenha posições de longo prazo, diz Salaverry. Mas é difícil fazer isso sozinho, diz ele. "Temos uma equipe de mais de 15 pessoas para avaliar a fundo algumas ações do mercado e isso é difícil para os pequenos aplicadores", reconhece. "Por isso, o serviço da publicação mensal da Carteira Valor é tão útil para os investidores, que podem acompanhar as opiniões do mercado."

A comparação da Carteira com o Ibovespa mostra que, mesmo com menos papéis, mas com uma escolha profunda, é possível obter desempenho melhor no mercado de ações, observa Anderaos. Em termos reais (descontado o IGP-M), a carteira rendeu 582% nesses sete anos e o Ibovespa, 120%.

A corretora do Itaú e a Unibanco Research são as únicas participantes da carteira desde sua criação. "Mais importante do que buscar uma grande quantidade de ações, é preocupar-se com a qualidade dos papéis", diz Anderaos, do Itaú. Ele explica que o Ibovespa inclui ações que representem 80% do giro da bolsa. Portanto, entram na seleção tantas ações quanto forem necessárias para preencher esse espaço e sem nenhum critério de desempenho, diz. "Excesso de diversificação, em que o risco fica muito diluído, pode restringir o potencial de ganhos", diz Anderaos.

Comprovando essa tese, segundo a Associação Nacional de Bancos de Investimento (Anbid), em média, os fundos de ações ativos tiveram melhor desempenho do que os índices de referência em 2007, até o dia 26: ganho de 42% para 41% do Ibovespa no período.