Título: Embaixador protesta na OMC contra embargo da UE
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 06/02/2008, Agronegócios, p. B12

O embaixador brasileiro Clodoaldo Hugueney Filho protestou ontem contra a suspensão temporária de importação da carne bovina brasileira pela União Européia, durante intervenção no Conselho Geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), em Genebra.

O embaixador, um dos negociadores do Brasil na OMC, classificou a atitude como "injustificável, arbitrária e desproporcional". Segundo ele, a carne brasileira não representa risco para a saúde humana ou animal. Hugueney disse que a UE alegou falhas no sistema de rastreamento do gado e pediu ao governo brasileiro para preparar uma lista "irrealmente pequena" de fazendas que teriam permissão para continuar fornecendo animais para abate e exportação ao bloco.

"Apesar do curto espaço de tempo, a lista foi preparada. Mas, em seguida, rejeitada e iniciado o embargo temporário", afirmou. Ele argumentou que mais de 150 países compram a carne brasileira por reconhecerem sua qualidade.

No fim da intervenção, o embaixador disse esperar que as autoridades sanitárias do Brasil e da Europa mantenham um diálogo construtivo, mas ressalvou que o Brasil se reserva o direito de defender seus interesses na OMC. Segundo a agência O Globo, "isso significa que a possibilidade de abertura de uma ação em um fórum multilateral como a OMC contra a UE é cada vez mais concreta". De acordo com o embaixador, há interesses comerciais por trás da medida da UE, movidos por pressões de produtores europeus afetados pela competitividade da carne brasileira.

Preocupado com as repercussões da decisão da UE - seguida pela Suíça - de suspender as compras de carne do Brasil, o Ministério da Agricultura esclareceu, sexta-feira, que a suspensão "decorreu da necessidade, apontada recentemente pela UE, de consolidar uma lista de propriedades aprovadas para o fornecimento de animais destinados ao abate àquele mercado. Estão descartadas quaisquer ocorrências sanitárias nos rebanhos, alteração da condição sanitária brasileira ou risco para a saúde pública".(Com Agência Brasil)