Título: Bancos criam princípios do carbono
Autor: Barros, Bettina
Fonte: Valor Econômico, 07/02/2008, Finanças, p. C8

Três dos maiores bancos de investimento dos Estados Unidos anunciaram nesta semana a criação de um conjunto de diretrizes para os empréstimos ao setor elétrico voltadas especificamente às emissões de gases do efeito estufa.

Os chamados "Princípios do Carbono" foram desenvolvidos em parceria pelo Citibank, JPMorgan Chase e Morgan Stanley após nove meses de consultas com organizações ambientais e representantes do setor elétrico do país. Participaram das reuniões a American Electric Power, NRG Energy, Sempra, CMS Energy, Souther Company e os grupos Environmental Defense e o Natural Resources Defense Council.

É a primeira vez que um grupo de bancos se reúne com outros atores para tentar elevar o entendimento sobre o "risco carbono" no setor energético, associado sobretudo a investimentos em carvão.

"Trata-se de um primeiro passo no processo que tem como objetivo dar aos bancos e seus clientes do setor elétrico o 'mapa do caminho' para a redução dos riscos regulatórios e financeiros associados com a emissão de gases-estufa", diz o documento divulgado pelos bancos.

"A falta de uma ampla ação federal em relação às mudanças climáticas cria riscos financeiros ainda desconhecidos a quem está construindo e financiando novas plantas de energia fósseis", diz o documento. "Os signatários dos princípios estão conscientes de que uma legislação para redução de CO2 está sendo discutida [nos EUA] e poderá ser adotado durante a vida útil dessas plantas. Portanto, é importante ajudar a financiadores e investidores a identificar, analisar e reduzir esses riscos climáticos".

Os princípios trazem à tona a preocupação com as emissões de dióxido de carbono, mas apenas do ponto de vista do risco financeiro - a análise é incorporada ao estudo do empréstimo. Não prevê, no entanto, metas de redução de gases ou o comprometimento com o fim do financiamento de projetos baseados em energia suja. Por isso, foi considerado "limitado" pela ONG Rainforest Action Network (RAN), da Califórina.

"A prova está na poluição. Se essa política impedir o financiamento de novas plantas de carvão, então será produtivo", afirmou Rebecca Tarbotton, diretora de campanha da RAN, em seu website.

Não há previsão se iniciativa chegará a outros países, como o Brasil. O Citi informa não ter porta-voz para tratar do tema.