Título: Varig faz Gol rever projeções outra vez
Autor: Campassi , Roberta
Fonte: Valor Econômico, 01/02/2008, Empresas, p. B2

A Gol refez algumas projeções para o quarto trimestre de 2007 e para o ano de 2008 que haviam sido divulgadas inicialmente em dezembro. As mudanças refletem principalmente o aumento de custos nas operações da Varig e uma menor receita obtida com cada passageiro.

As demonstrações financeiras de 2007 completas serão divulgadas em 14 de fevereiro.

As ações preferenciais da Gol registraram ontem a segunda maior queda do Ibovespa, de 5,3%. Os papéis fecharam o dia cotados a R$ 33,95.

Na quarta-feira à noite, a empresa havia anunciado mudanças na malha aérea da Varig que implicarão a suspensão de três importantes rotas internacionais (Londres, Roma e Frankfurt) a partir de março. Há indícios de que a Varig vinha tendo prejuízos nesses vôos por não conseguir preencher um número suficiente de assentos.

A queda de ontem quase anulou a valorização de 6% ocorrida na terça-feira, depois do anúncio de que a Gol recomprará 8,8% das ações preferenciais em circulação.

Em linha com a Gol e com a expectativa do mercado, a TAM também anunciou um programa de recompra na quarta-feira. A companhia aérea, hoje líder de mercado, vai adquirir quatro milhões de ações preferenciais, ou 5,5% do total em circulação, durante o prazo de até um ano.

Os papéis da companhia já haviam se valorizado 4,8% na terça-feira, quando foi feito o anúncio da Gol. Ontem, as ações chegaram a subir mais de 4%, mas fecharam o dia estáveis, cotadas a R$ 37,24. Por este preço, a recompra custaria R$ 149 milhões à TAM.

As novas projeções da Gol devem se traduzir em resultados financeiros um pouco menores do que o esperado. A companhia, no entanto, não informou suas previsões para indicadores como receita e lucro líquido. Em novembro, a Gol estimava uma receita entre R$ 5,2 bilhões e R$ 5,3 bilhões para 2007. O lucro ficaria entre R$ 1,40 e R$ 1,80 por ação. Na época, ela tinha 200,3 milhões de papéis, mas o número subiu para R$ 202,3 milhões. Ao longo de 2007, a Gol reviu sua projeções pelo menos quatro vezes, todas elas para baixo.

Para o quarto trimestre de 2007, a companhia reduziu a previsão de crescimento da oferta (medida pelo número de assentos multiplicado pelo total de quilômetros percorridos). O motivo é que a Gol previa terminar o ano com 106 aeronaves, mas está operando apenas 99 aviões. Assim, a oferta da empresa crescerá 60% no quarto trimestre e não mais 78%. A ocupação deverá ficar em 68%, 1 ponto percentual acima do previsto.

O custo de operação por assento-quilômetro, sem incluir o combustível, será 5% maior do que o previsto: R$ 0,089, ao invés de R$ 0,085. No comunicado de ontem, a Gol cita "custos de reestruturação/ modernização da frota" da Varig. A subsidiária opera aeronaves antigas que passaram por ajustes e neste ano começam a ser substituídas por aviões novos. Os resultado ainda devem ser impactados pelo pagamento de cerca de R$ 90 milhões relativos à antecipação do resgate de duas debêntures emitidas pela Varig.

A companhia também prevê uma queda na margem de lucro antes do Imposto de Renda, em torno de 3% e não mais entre 6% e 7%. Para 2008, a Gol aumentou a projeção de passageiros transportados e reduziu a projeção de oferta, indicando que ela buscará taxas de ocupação mais altas que ajudam a elevar a rentabilidade.