Título: Lloyd's fará investimento de US$ 5 milhões no país
Autor: Galvão, Arnaldo
Fonte: Valor Econômico, 13/02/2008, Finanças, p. C4

Leo Pinheiro / Valor Lord Peter Levene, do Lloyd's of London, se encontra hoje com governador do Rio O presidente do Lloyd's of London, maior mercado de seguros e resseguros do mundo, Lord Peter Levene, encontrou-se ontem com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, para anunciar oficialmente investimentos de US$ 5 milhões na abertura de um escritório de resseguros no país. Ele disse que espera obter a autorização para iniciar seus negócios antes de 17 de abril e que o Brasil pode tornar-se um centro de operações de resseguro de todo o mercado latino-americano.

"Estamos muito satisfeitos que o Brasil tenha conseguido concluir sua regulação do setor de resseguros. O Lloyd's está aqui para buscar uma licença e estabelecer-se no Brasil. Esperamos começar nossas operações no Rio em breve. Devemos ter também um escritório em São Paulo, mas o Rio será o centro das operações", afirmou o executivo.

Em outubro do ano passado, quando veio ao país para anunciar a abertura do escritório, Levene criticou duramente a proposta de legislação para o setor, que previa um depósito de garantias para as resseguradoras admitidas, ou seja, aquelas que têm sede no exterior e apenas operam no país por meio de um escritório de representação.

Naquela oportunidade, Levene argumentou que as operações do Lloyd's são gigantescas e a exigência poderia inviabilizar o investimento no mercado brasileiro. A empresa financeira é formada por 75 sindicatos com capacidade de subscrição superior a US$ 31 bilhões. Na audiência pública realizada para debater a proposta de regulamentação, a Superintendência de Seguros Privados (Susep) acabou aceitando as sugestões do Lloyd's.

O Lloyd's tem uma estrutura complexa. É na verdade um sindicato de seguradoras e resseguradoras que recebe tratamento diferenciado em muitos países. A Susep considerou essa característica especial e resolveu atender o pedido. Segundo Levene, em nenhum lugar do mundo exige-se depósito de garantias.

Em Brasília, Levene disse ontem que o Brasil, como maior economia da América Latina, conseguiu uma regulação de sucesso para o resseguro e isso vai ajudar a indústria de seguros e toda a economia. Ele estimou em aproximadamente US$ 2,4 bilhões o valor do mercado nacional e de US$ 8 bilhões o da América Latina.

"As expectativas em relação à economia brasileira são muito boas. A inflação está sob controle e, há dez anos, ela era o maior problema da economia brasileira. O governo fez um ótimo trabalho colocando tudo sob controle", avaliou Levene.

Antes de Brasília, Levene passou pelo Rio, onde almoçou na sede da Fenaseg (a federação nacional das seguradoras) com representantes do mercado. No evento, ele também elogiou a legislação do resseguro e falou da abertura dos escritórios no Rio e São Paulo.

Hoje, Levene se encontra com o governador do Rio, Sérgio Cabral. Após o encontro, o executivo inglês vai anunciar às 12 horas, em entrevista coletiva, a esperada abertura do escritório no Rio. Armando Vergilio, presidente da Susep, e Eduardo Nakao, do IRB- Brasil Re também participam. O IRB tinha o monopólio do mercado brasileiro de resseguro desde 1939. Agora, já tem dois concorrentes diretos. A estrangeira Munich Re e a J. Malucelli Resseguradora, de capital nacional.

Em um primeiro momento, o Lloyd's vai operar como ressegurador admitido. Há a expectativa que a empresa londrina possa no futuro se transformar em um ressegurador local. Quando veio ao Brasil em 2007, Levene teve no Rio um tratamento de chefe de Estado, na tentativa de convencê-lo a escolher a cidade para a abertura do escritório no país. O Rio quer se tornar um pólo de resseguros na América Latina. Além do Brasil, o Lloyd's está interessado em outros países emergentes. No ano passado, foram iniciadas operações na China.