Título: Indústrias descartam perdas expressivas
Autor: Zanatta, Mauro
Fonte: Valor Econômico, 18/02/2008, Agronegócios, p. B12

As indústrias brasileiras estão confiantes de que o embargo da União Européia à carne será temporário, sem prejuízos expressivos para o segmento. "Se o embargo durasse um ano, o que eu não acredito, o prejuízo seria de US$ 80 milhões mensais", disse Marcus Vinícius Pratini de Moraes, presidente da Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carne (Abiec).

Em 2007, a UE representou cerca de US$ 1,5 bilhão das exportações do país. Do total, US$ 500 milhões foram de carne industrializada, não atingidas pelo embargo, e o restante - US$ 1 bilhão - de carnes in natura. No ano passado, as exportações brasileiras alcançaram 2,525 milhões de toneladas (equivalente-carcaça), com receita de US$ 4,418 bilhões.

Pratini de Moraes acredita que o governo brasileiro conseguirá melhorar a situação e ampliar logo a lista de fazendas habilitadas a exportar para a UE depois da visita da missão técnica européia ao Brasil, que deverá ter início no dia 25. "Esta é uma boa oportunidade para o Brasil rever suas relações comerciais com a UE, utilizando o princípio de reciprocidade. (...) Não podemos deixar que os europeus nomeiem o nosso secretário de Defesa Agropecuária ou até o nosso ministro da Agricultura", disse.

Para os pecuaristas, o embargo ainda não chegou a pesar no bolso. De acordo com Fábio Dias, diretor da Assocon (Associação Nacional dos Confinadores), os preços do boi gordo chegaram a recuar na semana do Carnaval, mas voltaram aos patamares do final do mês de janeiro. "A demanda está aquecida no mercado interno e a oferta atual está restrita", afirmou. Assim como as indústrias, os pecuaristas do país acreditam em embargo temporário - de no máximo de dois a três meses.