Título: ArcelorMittal vai reajustar aço entre 10% e 15%
Autor: Matthews, Robert Guy; MacDonald, Alex
Fonte: Valor Econômico, 14/02/2008, Empresas, p. B7

Atingida por altos custos, mas ajudada pela forte demanda mundial, a ArcelorMittal, maior siderúrgica do mundo, informou que vai aumentar o preço do aço entre 10% e 15% nos Estados Unidos e na Europa.

Lakshmi Mittal, diretor-presidente da empresa, disse que o preço pode subir ainda mais se as mineradoras impuserem, como se prevê, forte alta no minério de ferro, ingrediente-chave na produção de aço. "Pretendemos repassar os custos aos consumidores. Tudo depende das negociações sobre o preço da matéria-prima", disse Mittal. "Depois que elas terminarem, ficará mais claro."

Espera-se que, em março, as mineradoras e as siderúrgicas cheguem a um preço de referência para o minério de ferro. As negociações são secretas, mas os dois lados acreditam que o aumento será bem alto, algo entre 50% e 70% sobre os preços do ano passado.

Dependendo da qualidade e do país, o aço está sendo vendido entre US$ 500 e US$ 600 a tonelada. O minério de ferro custa em torno de US$ 80 a US$ 90 a tonelada. O preço do carvão, outro ingrediente indispensável na feitura do aço, também deve subir muito este ano, com a demanda superando a oferta.

A ArcelorMittal informou que seu lucro líquido no quarto trimestre de 2007 foi de US$ 2,44 bilhões, com faturamento de US$ 28 bilhões. É difícil comparar esse valor com o do mesmo período de 2006 porque naquela época ainda não havia ocorrido a fusão ente a Arcelor e a Mittal Steel.

A empresa fez uma comparação pró-forma, na qual considera que as duas siderúrgicas já eram uma só no último trimestre de 2006. Nesse caso, a projeção da empresa é de que teria apresentado US$ 2,37 bilhões em lucro líquido. Para o ano todo de 2007, a empresa divulgou lucro líquido de US$ 10,37 bilhões.

A ArcelorMittal anunciou também que vai acelerar seu ritmo de aquisições em 2008. No ano passado, ela fez 35 pelo mundo afora. Mittal disse que a empresa não pretende engolir nenhuma grande siderúrgica, dando preferência a mercados emergentes e empresas menores.

No ano passado, a Mittal assumiu o controle do China Oriental Group Ltd., um grande passo dentro do lucrativo e crescente mercado chinês de aço. A previsão é de que a demanda chinesa continue crescendo este ano e o preço aumente, já que o governo pretende frear a expansão da capacidade siderúrgica no país, fechando as usinas mais ineficientes e poluentes. O governo também impôs um imposto sobre a exportação que deixou os produtores chineses de aço menos animados a mandar seus produtos para fora.

Hermann Reith, analista do banco alemão BHF, disse que as vendas e embarques de aço da ArcelorMittal ficaram acima da expectativa. Outros analistas observam que as previsões da empresa para este primeiro trimestre são bem otimistas, principalmente se considerada a previsão de queda na demanda de aço nos Estados Unidos.

Separadamente, o conglomerado industrial alemão ThyssenKrupp AG, que é um grande produtor de aço inoxidável, anunciou que seu lucro líquido no primeiro trimestre fiscal, encerrado em dezembro, caiu 35%, por causa da queda no preço daquele produto, embora tenha dado eco à previsão da ArcelorMittal sobre aumento da demanda e do preço do aço.

O ThyssenKrupp, que fabrica aço, autopeças, elevadores e também oferece serviços de tecnologia, informou que seu lucro líquido caiu de 641 milhões de euros (US$ 931,9 milhões) no trimestre findo em dezembro de 2006 para 414 milhões de euros no trimestre encerrado em 31 de dezembro último. Esse resultado também foi atingido pelos 69 milhões de euros de custos na construção de novas fábricas no Brasil e nos EUA, além da reestruturação em suas operações automotivas. O faturamento ficou praticamente inalterado, somando 12,27 bilhões de euros, enquanto um ano atrás ele chegou a 12,33 bilhões de euros.