Título: UBS Pactual não pagou imposto com efeito de ágio
Autor: Adachi , Vanessa
Fonte: Valor Econômico, 31/03/2008, Finanças, p. C4

Em vez de pagar cerca de R$ 600 milhões em imposto de renda e contribuição social sobre o lucro líquido em 2007, o banco de investimentos UBS Pactual registrou um crédito fiscal de R$ 904 milhões em seu resultado do ano passado, o que contribuiu substancialmente para o que banco apresentasse um lucro líquido de R$ 2,649 bilhões.

Essa virada foi possível por conta de efeitos do ágio de aquisição do Pactual pelo UBS. A amortização do ágio gerou um crédito fiscal de R$ 1,5 bilhão, totalmente incorporado ao balanço de 2007. No entanto, não houve impacto de despesas com amortização. A explicação, segundo o banco, é que a holding do UBS que comprou o Pactual foi incorporada pelo próprio banco em fevereiro do ano passado. Com isso, o ágio deixou de existir. Mas o crédito fiscal, não.

Além de evitar o pagamento de impostos sobre o lucro no ano passado, o banco exibiu um resultado mais gordo. O lucro do UBS Pactual também foi positivamente impactado pela venda de 40% das ações que detinha na BM&F e na Bovespa, que abriram o seu capital em 2007. O resultado da venda das ações foi de R$ 410 milhões. Mas o banco ainda tem R$ 800 milhões em ações, que não foram jogadas na demonstração de resultados porque ainda não foram vendidas.

O lucro líquido apresentado pelo banco poderia ter sido maior, se não fosse o generoso pagamento de bônus aos executivos. Foram distribuídos invejáveis R$ 798 milhões em 2007 (registrados como "participações estatutárias no lucro"), o suficiente para colocar o ano na história. Em 2006, o Pactual havia pago R$ 300 milhões em bônus e é quase certo que a excelente performance do ano passado não se repita em 2008.

O Credit Suisse no Brasil, o principal concorrente do UBS Pactual, registrou em suas demonstrações de resultados um total de R$ 163 milhões a título de "participações nos lucros e resultados", considerando os números do banco de investimento, do banco múltiplo e da corretora.

A conta de lucros acumulados do banco atingiu R$ 2,44 bilhões. Segundo André Esteves, presidente do UBS para América Latina e chefe global de renda fixa, ainda poderá haver algum pagamento de dividendos ao acionista. O patrimônio líquido do UBS Pactual está em R$ 3,8 bilhões.