Título: Líder petista rejeita devolução de MP
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 01/04/2008, Política, p. A6

Rands: "É uma saída honrosa que estão tentando encontrar para parar de obstruir" O líder do PT na Câmara, Maurício Rands (PE), não vê com bons olhos a proposta feita pelo líder do PPS, Fernando Coruja (SC) de devolução, ao governo, da medida provisória que plagiou um projeto que já tramitava na Câmara como alternativa para o fim da obstrução às sessões. Para Rands, qualquer Executivo tem resistência a tirar MPs da pauta.

Ele ironiza, dizendo que a oposição parece estar procurando uma desculpa para deixar de obstruir. "É um ganchinho, uma saída honrosa que estão tentando encontrar para parar de obstruir. Não é preciso, basta votar contra a MP. Não entendo porque a oposição tomou para si a obrigação de obstruir as votações e impedir que votemos", disse Rands.

O petista defendeu o ato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de editar a MP que trata do limite de terras para regularização na Amazônia. Segundo Rands, é importante preservar a floresta e não há porque dizer que foi uma provocação: "Se o presidente tivesse soltado 10 MPs, poderia ser provocação. Mas ele ficou quase 30 dias sem editar nada e editou apenas uma delas, que era urgente".

Fernando Coruja apresentou a proposta de devolver a MP plagiada a Lula a líderes e ao presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP). A MP é uma cópia idêntica do projeto do deputado Asdrúbal Bentes (PMDB-PA), que tramita na Câmara desde o ano passado. Além disso, foi editada no dia 26, quando os líderes tentavam fechar um acordo de procedimento para a votação da emenda que altera a tramitação das MPs.

A atitude de Lula foi criticada pela oposição e pelo próprio Chinaglia, principalmente depois que foi descoberto o plágio do texto de Bentes. "Esperamos que haja boa-vontade da base aliada porque, se houver a devolução da MP da Amazônia, podemos diminuir essa obstrução", disse Coruja.

A oposição tem obstruído a votação da pauta da Câmara, trancada por 13 MPs, numa tentativa de forçar o governo a reduzir a edição de MPs. A obstrução leva a uma demora na votação das medidas, com sessões se arrastando por mais de oito horas. Na semana passada, o governo conseguiu terminar a votação de uma MP e votar uma segunda, com a sessão mantida até a meia-noite da quarta-feira.