Título: BrT quer mudança na lei para investir em TV
Autor: Moreira, Talita
Fonte: Valor Econômico, 03/04/2008, Empresas, p. B3

A Brasil Telecom (BrT) faz planos de investir nos serviços de televisão por assinatura, segmento que pretende expandir e transformar numa unidade de negócios ao longo de 2008.

Se a maré não virar após a provável venda de seu controle acionário à Oi (ex-Telemar), a BrT pretende ampliar para 21 localidades o serviço de TV sobre banda larga (IPTV, na sigla em inglês), que hoje está restrito a Brasília.

Para isso, a operadora está em campanha pela aprovação do projeto de lei número 29, que está em análise na Comissão de Ciência e Tecnologia da Câmara dos Deputados e enfrenta a resistência de alguns setores. O texto derruba as barreiras que atualmente dificultam a atuação das teles na distribuição de vídeos.

"A tecnologia está madura para ser expandida. No momento em que tivermos uma sinalização positiva do PL 29, o objetivo é entrar em 21 localidades", disse o vice-presidente de operações da BrT, numa apresentação feita ontem, em Brasília, pelos principais executivos da operadora a investidores. A conferência foi disponibilizada pela BrT em sua página na internet.

A defesa do PL 29 foi feita em vários momentos, o que se explica pela experiência que a Brasil Telecom teve com IPTV até agora.

O serviço de vídeo sob demanda que a operadora mantém na capital federal tem apenas 200 clientes. O produto foi lançado comercialmente em setembro passado e agora conta com cem assinantes a menos do que tinha em sua fase de testes. "Só com o vídeo sob demanda, a coisa não decola, não tem atratividade comercial", reconheceu Santiago.

"TV e banda larga são os carros-chefe. São esses serviços que vão trazer junto o cliente de voz", observou o vice-presidente de planejamento estratégico, Luiz Francisco Perrone. Para ele, a atual proibição à atuação das teles na TV paga é "entulho regulatório" remanescente dos tempos de telefonia estatal.

O presidente da BrT, Ricardo Knoepfelmacher, afirmou que a companhia tem um plano B, caso a arrastada tramitação do PL 29 emperre definitivamente. "Caso o projeto não vá para a frente, como nós gostaríamos, com certeza acharemos outras alternativas", destacou o executivo, qualificando como "extremamente importante" para a companhia entrar na distribuição de vídeos.

Fazer aquisições pode ser uma dessas alternativas. Knoepfelmacher afirmou que a BrT tem cerca de 30 projetos em análise, em diversas áreas. Alguns estão em fase de diligência, segundo o executivo, sem revelar quais são as empresas na mira da operadora.

Na apresentação a analistas e investidores, a diretoria da BrT não pronunciou uma só palavra a respeito das negociações entre seus controladores e os acionistas da Oi. Os executivos procuraram transmitir um ar de normalidade à rotina da empresa - embora o negócio deva ser fechado nas próximas semanas.

A Brasil Telecom apresentou estimativas financeiras e operacionais para este ano. Os números ficaram em linha com as estimativas feitas por analistas.

Os investimentos programados chegam a R$ 2,2 bilhões, 57,3%. O pagamento à vista das licenças para atuar na terceira geração da telefonia móvel (3G) consumirá R$ 500 milhões, o que explica uma parte do aumento. O restante será destinado à construção e manutenção da rede e ao cumprimento de metas e novas regras, como a portabilidade numérica.