Título: Bradesco aumenta lucro 23% para R$ 2,1 bi
Autor: Carvalho , Maria Christina
Fonte: Valor Econômico, 29/04/2008, Finanças, p. C16

As operações de crédito continuaram a todo vapor neste início de ano no Bradesco e levaram o banco a registrar o maior lucro líquido em um primeiro trimestre entre os bancos privados.

O Bradesco obteve no primeiro trimestre um lucro líquido de R$ 2,102 bilhões, 23,3% acima do resultado de R$ 1,705 bilhão de igual período em 2007. Desse total, R$ 352 milhões vieram do ganho que obteve com a venda de parte das ações da Visa Internacional que possuía e foram parcialmente utilizados na amortização de ágio (R$ 53 milhões) de modo que o resultado líquido ajustado ficou em R$ 1,907 bilhão, 11,8% acima do primeiro trimestre de 2007. Restam ainda com o banco uma participação na Visa estimada em R$ 326 milhões que ajudam a engrossar os ganhos não realizados de R$ 4,14 bilhões que o banco acumula.

O patrimônio líquido cresceu 26,4% em doze meses atingindo R$ 32,9 bilhões em março. O retorno sobre o patrimônio líquido médio ficou em 32% anualizados; e ajustado em 28,7%.

Os resultados vieram linha com o que o mercado esperava, de acordo com a avaliação da corretora Ativa. Mas as ações preferenciais do banco caíram 1,02% para R$ 36,62 ontem, dia em que o índice Bovespa subiu 0,75%.

As várias medidas que o governo tomou desde o início do ano para conter o crédito, como o aumento do IOF, a criação do compulsório sobre os depósitos interfinanceiros de empresas de leasing e a elevação dos juros, não seguraram a expansão da carteira do Bradesco. As operações de crédito do banco cresceram 5% no primeiro trimestre, acumulando 38,5% em doze meses, para R$ 169,408 bilhões, incluindo avais e fianças. Excluindo essas linhas de negócios, a carteira cresceu 5,2% no trimestre e 35,9% em doze meses para R$ 144,7 bilhões.

Outro destaque foi a área de seguros que contribuiu com 35% do resultado publicado e 39% do ajustado em comparação com 31% em 2007.

O presidente do Bradesco, Márcio Cypriano, afirmou que a demanda reprimida, a migração das classes sociais e o aumento de renda mantiveram o crédito aquecido neste início de ano e alimentam a expectativa de que continuará em expansão ao longo do ano. Outro fato positivo é a estabilidade da inadimplência acima de 90 dias em 3,5% da carteira total.

Para o mercado como um todo, porém, o banco projeta que o crédito vai crescer 22% neste ano, abaixo dos 28% de 2007, de modo mais coerente com a projeção de que o Produto Interno Bruto (PIB) vai crescer 4,8% em comparação com 5,4% em 2007; e com a previsão de que a taxa básica de juros vai terminar o ano em 13%, em comparação com os 11,25% do início do período.

Cypriano reconheceu, porém, que a carteira de crédito do Bradesco registra números mais vistosos; e notou que, diferentemente de que aconteceu em 2007, a demanda por crédito é agora mais forte nas empresas do que nas pessoas físicas. Pesquisa feita pelo banco junto a 1,6 mil clientes corporativos revelou que as empresas não pensam em reduzir os investimentos apesar do aumento dos juros.

Enquanto a carteira de crédito de pessoa física do Bradesco cresceu 5% no primeiro trimestre e 34,3% em doze meses para R$ 62,226 bilhões; a de grandes empresas teve expansão de 5,7% e 36,5% nos mesmos períodos, atingindo R$ 61,464 bilhões; e a pequenas e médias empresas, 4% e 47,6% para R$ 45,718 bilhões.

Na carteira de pessoa jurídica, o Bradesco destacou a expansão das linhas de capital de giro (79,1% em doze meses), leasing (96,5%) e financiamento imobiliário (63,1%).

Já na carteira de pessoa física, as linhas que mais cresceram foram leasing de veículos (373,7%) e financiamento imobiliário (60%). O vice-presidente Milton Vargas afirmou estar seguro de que o Bradesco cumprirá a meta de liberar R$ 5,3 bilhões no crédito imobiliário neste ano, acima dos R$ 4 bilhões de 2007. Só no primeiro trimestre foram liberados R$ 1,5 bilhão.