Título: Aécio sinaliza que PSDB pode aceitar aliança informal
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Fonte: Valor Econômico, 12/06/2008, Política, p. A12

O governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), e o prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel (PT), deram ontem uma demonstração pública de que permanecerão unidos na sucessão municipal na capital mineira, mesmo diante do veto imposto pelas lideranças nacionais petistas à aliança formal dos dois partidos em torno da candidatura do ex-secretário estadual Márcio Lacerda (PSB).

Após encontro no Palácio das Mangabeiras, residência oficial do governador, Aécio e Pimentel concederam entrevista, na qual reafirmaram a parceria entre ambos, sem detalhar como ela será operacionalizada no curso da campanha. "Isso (apoio formal ou informal), se é o PT ou o PSDB, se não é nenhum dos dois, isso não é importante para nós", disse o governador. "Vamos construir um grande projeto com a humildade de saber que vamos disputar uma eleição com outros candidatos que merecerão o nosso respeito e terão a oportunidade de apresentar as suas candidaturas, mas o que eu posso garantir é que vocês verão essa mesma cena, o prefeito da capital com a administração elogiada em todos os níveis e em todas as regiões da capital, ao lado do governador do Estado, olhando para frente", acrescentou.

Aécio sugeriu que o seu partido pode vir a apoiar informalmente a chapa composta pelo PSB e PT, articulada por ele e por Pimentel. "O prefeito e o governador estarão juntos para eleger essa chapa encabeçada por Márcio Lacerda e o deputado estadual Roberto Carvalho (PT)", disse o tucano. Como a direção nacional do PT vetou a participação do PSDB nessa dobradinha entre petistas e socialistas, restaria ao governador, então, o apoio apenas informal.

Essa possível saída ganha força, à medida que Pimentel assegurou que as decisões que seu partido tomará no âmbito da sucessão municipal seguirão as determinações do comando nacional. "Os partidos têm sua lógica, têm seus prazos, seus estatutos internos que serão cumpridos partidariamente e nós não estamos preocupados com isso", afirmou Pimentel. "Agora vamos esperar o momento de entrar em campo para fazer a campanha eleitoral".

Na semana passada, o governador havia afirmado que não cogitava a possibilidade de o PSDB se aliar informalmente com os petistas em BH. A declaração foi dada após nota divulgada pelo presidente nacional do PT, deputado federal Ricardo Berzoini, reiterando o veto à aliança com os tucanos. Antecipando-se a um possível malogro nas negociações, Pimentel chegou a exonerar o seu secretário de Políticas Urbanas, Murilo da Campos Valadares, abrindo a possibilidade de uma futura candidatura, tanto a prefeito como a vice.

Os dois movimentos sinalizaram as dificuldades em efetivar a aliança entre PT e PSDB na capital mineira. A entrevista conjunta demonstra a intenção do governador de levar adiante o projeto eleitoral que ambos vêm construindo. "Essas questões internas, partidárias, se é dessa ou daquela forma, informal ou formal, são coisas que os partidos é quem vão ter que decidir. O que é fundamental, e quero aqui reafirmar mais uma vez, é que o prefeito Fernando Pimentel, uma boa parcela do seu partido, eu e o meu partido e muitos outros aliados, estão prontos para dar um grande exemplo ao Brasil, de generosidade", disse o tucano. "Alguns outros atores preferem ter uma visão diferente dessa, uma visão que olha pelo retrovisor. E essa não nos incomoda, não nos afeta. Vamos continuar caminhando na construção de um grande projeto".