Título: Imóveis puxam expansão dos consórcios
Autor: Travaglini, Fernando
Fonte: Valor Econômico, 17/06/2008, Finanças, p. C8

O avanço do mercado da construção civil mantém em alta o segmento de consórcio, com destaque para as linhas imobiliárias. O número de cartas de crédito para a compra da casa própria somou, nos quatro primeiros meses do ano, 19,4 mil, volume 27% superior ao mesmo período do ano passado (15,2 mil).

O número de consorciados de imóveis bateu recorde histórico e ultrapassou 484 mil, avanço de 15% em relação a abril do ano passado, afirma Rodolfo Montosa, presidente da Associação Brasileira de Administradora de Consórcios (Abac). "Este é um crescimento que já vem ao longo dos últimos anos devido à melhora da renda, do aumento do emprego e da estabilidade econômica".

Além do aumento do número de participantes, o valor médio do contrato também cresceu. Há cerca de cinco anos, as operações para imóveis estava próximas a R$ 50 mil. Hoje, chega a R$ 75 mil.

De olho nesse mercado, o Banco Real lançou um produto para as classes de renda mais baixa. Chamado de Real Primeiro Imóvel, o consórcio é destinado a unidades habitacionais avaliadas entre R$ 30 mil a R$ 70 mil.

"Percebemos uma demanda entre nossos clientes com renda entre R$ 1,2 mil e R$ 1,5 mil", afirma João Victorino, superintendente do banco. Segundo ele, foram feitas pesquisa de mercado que identificaram grande oferta de imóveis nessa faixa nas regiões metropolitanas de Fortaleza, Recife, Rio e Belo Horizonte.

Ele disse ainda que o produto, em geral, não concorre com o crédito imobiliário, pois atinge público com objetivos diferentes. "Com o prazo máximo, que chega a 150 meses, as parcelas podem chegar a R$ 260 por mês, com taxa de administração de apenas 0,1133% ao mês".

Ainda de acordo com dados da Abac, os contratos imobiliários representam 14,3% do total do sistema de consórcios, que inclui também veículos e eletroeletrônicos. A maior participação está concentrada nas motos, que respondem 54,4% do total. Mas a procura tem sido maior no setores de caminhões.

Considerando todo o sistema, no primeiro quadrimestre do ano, houve alta de 2,5% no total de participantes ativos, que chegou a 3,46 milhões consorciados. "Estamos otimistas. Nossa previsão é de crescimento de 10% no ano", disse Montosa. Apesar do avanço houve retração nas vendas e nas contemplações no início do ano. As cartas de crédito liberadas no primeiro quadrimestre do ano sofreram queda de 4,4% e houve baixa de 3,2% na comercialização de novas cotas.

As empresas de consórcio aguardam agora a aprovação no novo marco legal do setor. O Projeto de Lei 7161 foi aprovado pela Câmara dos Deputados e aguarda agora apreciação do Senado. Entre as mudanças, está a criação do consórcio de serviço, a possibilidade mais ampla do uso do FGTS no contratos imobiliários e a possibilidade de quitação de dívidas com a carta de crédito.

Montosa destaca ainda que o segmento de consórcio tem um benefício importante para a economia por permitir um maior planejamento. "O consórcio é uma poupança planejada para aquisição de um bem futuro ou para formação de patrimônio e não tem impacto inflacionário por permitir que as empresas planejem seu crescimento".