Título: Cartão sem contato chega ao país para reduzir filas
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Fonte: Valor Econômico, 18/06/2008, Finanças, p. C10

Os cartões sem contato, que permitem transações apenas pela aproximação do plástico na leitora, devem ser os próximos a se espalhar pelo mercado. Ontem, Bradesco, Visa e Visanet anunciaram um projeto-piloto para o uso desses cartões nas dez lojas da rede de cafeterias Starbucks no país. Em seguida, os cartões devem se espalhar para outras redes de varejo e estabelecimentos comerciais.

O projeto-piloto na Starbucks vai durar seis meses. Nesse período, cerca de 3 mil pessoas, entre funcionários e clientes do Bradesco e da Visa, vão testar o cartão. A principal vantagem é a transação, que demora menos de um segundo para ser aprovada. A aprovação da operação não precisa de senha.

"É a forma mais rápida para um pagamento", diz Eduardo Chedid, vice-presidente de produtos da Visa do Brasil. Estimativas da bandeira indicam redução média de 23% das filas. Nas operações tradicionais, com leitura do chip ou da tarja magnética, demora-se até 30 segundos para toda transação ser completada.

Os cartões sem contato da Visa, chamados de "payWave", existem em 12 países, como Estados Unidos, Tailândia, Suíça, Canadá e Reino Unido. No Brasil, demoraram a chegar. O projeto vem sendo discutido desde 2004, mas só no ano passado que as conversas evoluíram. No México, a MasterCard implantou a tecnologia em 2006 na rede de lanchonetes McDonald's.

Para aprovação do pagamento, o cartão tem que ser colocado entre dois a cinco centímetros da leitora. A transmissão de dados se dá por radiofrequência. Há uma "antena" dentro do cartão e uma outra no terminal de pagamento. Foi desenvolvida uma máquina separada, que é acoplada às leitoras tradicionais.

Segundo Wanderley Barreto, diretor da Visanet, por se tratar de um teste, ainda não se sabe se este equipamento terá um custo adicional. Mas a idéia é que a transação processada por ele tenha o mesmo custo de uma operação tradicional, em média, de 2,8% sobre o valor da compra.

"Não pretendemos onerar nosso cliente com essa nova tecnologia", afirma Marcelo Noronha, diretor geral da Bradesco Cartões. Após o período de testes na Starbucks, o objetivo é levar o projeto para outros estabelecimentos. Projeções da Gemalto, a empresa que fabrica os cartões sem contato, é que em dois anos essa tecnologia já será mais popular no país. No transporte público, ela já vem sendo usada em várias cidades. A Visanet será a empresa responsável pela implementação.

Por questões de segurança, a transação sem contato tem o limite de R$ 100. Podem ser feitas várias compras até atingir esse total. Terminado este limite, para o cartão voltar a fazer transações sem contato, o usuário tem que fazer uma operação normal, com o chip ou tarja, para o banco emissor restaurar os parâmetros e voltar o limite de R$ 100.

Para compras maiores de R$ 100, a transação é feita da forma tradicional, com chip ou leitura magnética. Também por segurança, é impossível fazer a mesma transação duas vezes. A cada pagamento, um código de transação único é gerado. Chedid, da Visa, fala ainda que o cartão nunca sai da mão do cliente, como ocorre com as transações normais. Evitando, assim, a possibilidade de cópia de dados ou sua substituição.