Título: Gerdau vai reorganizar-se em quatro áreas de negócios
Autor: Francisco Góes
Fonte: Valor Econômico, 02/02/2005, Empresas &, p. B3

O grupo Gerdau, maior produtor de aços longos das Américas, irá aprofundar neste ano a reestruturação societária iniciada em 2003, quando integrou todos os seus ativos no Brasil na subsidiária Açominas. Ontem, ao anunciar lucro líquido de R$ 749 milhões no quarto trimestre de 2004 e de R$ 3,2 bilhões no acumulado do ano, a Gerdau informou que já criou uma holding, a Gerdau Participações S.A., para agrupar ativos por áreas de negócios. Essa subsidiária terá sob seu guarda-chuva empresas do Brasil e da América do Sul. A decisão de ampliar a reorganização interna, lançado há dois anos, busca obter maiores vantagens de sinergias, garantindo maior eficiência operacional e de gestão, resumiu Osvaldo Schirmer, vice-presidente executivo de finanças e diretor de relações com investidores da Gerdau. Ele disse que a holding irá reunir os diferentes segmentos de negócio da Gerdau: aços longos, aços especiais, placas, tarugos e blocos e área comercial (de planos). Em teleconferência com a imprensa sobre o resultado de 2004, Schirmer salientou que ao longo de 2005 serão criadas empresas, correspondentes a cada um desses negócios, que ficarão sob a tutela da nova holding. A respeito dos resultados, o executivo comemorou os números recordes. O lucro acumulado de R$ 3,2 bilhões no ano foi 166% maior do que o R$ 1,2 bilhão de 2003. Foi determinado pelas operações do grupo no exterior, sobretudo na América do Norte, e pelas melhores margens nas exportações em função da alta nos preços do aço no mercado internacional. Os preços de exportação da Gerdau subiram cerca de 62% em 2004. As vendas do grupo para clientes no exterior, a partir do Brasil, somaram 2,7 milhões de toneladas, com queda de 14,4% sobre os volumes de 2003. As divisas, em compensação, subiram 39%, totalizando US$ 1,1 bilhão. No balanço consolidado, a Gerdau produziu 13,4 milhões de toneladas de aço bruto em 2004, uma alta de 9% sobre 2003. As vendas alcançaram 2,5 milhões de laminados e semi-acabados, volume 3,4% superior ao do ano anterior. A receita líquida do grupo foi de R$ 19,5 bilhões, 46,6% superior que o ano anterior. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Lajida) atingiu R$ 5,6 bilhões, ante R$ 2,7 bilhões em 2003 - alta de 106,9%. O mercado considerou bons os resultados da Gerdau em 2004, sobretudo em relação ao lucro líquido em reais. Um analista de banco no país, que preferiu não se identificar, considerou que o aumento de custos no quarto trimestre reduziu o Lajida em relação à sua expectativa. A Gerdau reconheceu que durante o ano houve aumento de 50% a 60%, em média, no que o grupo denomina de combinação de custos de metálicos em suas aciarias elétricas (sucata e gusa). O mercado também recebeu com cautela a notícia da reorganização societária. Segundo analistas, as informações disponíveis ontem não permitiam ter uma idéia mais clara dos efeitos práticos da operação, aprovada no fim de dezembro. As ações PN da Gerdau S.A. caíram 3,87% na Bovespa, cotadas a R$ 42,10 o lote de mil. Ao comentar os resultados do grupo em 2004, o executivo tentou tranqüilizar os investidores: "Podemos ter ganhos (com a reorganização) sem prejuízos aos acionistas da Gerdau S.A e da Metalúrgica Gerdau", disse Schirmer. Ele avaliou que o mercado poderá identificar com mais clareza cada um dos negócios do grupo e negou existir planos de abrir o capital da Gerdau Participações. A Gerdau Ameristeel, responsável pelas operações na América do Norte, continuará sob a Gerdau S.A. Ele explicou que a Gerdau Participações foi capitalizada com o aporte de 91,5% das ações que a Gerdau S.A. detinha na Gerdau Açominas e com a participação de 22,8% no capital da Gerdau Internacional Empreendimentos, que responde pelos investimentos do grupo na América do Sul. No comunicado sobre o resultado de 2004, a Gerdau informou que parte do aporte feito na holding correspondeu a participações, diretas e indiretas, detidas pela Gerdau Internacional no capital das empresas Gerdau Chile Inversiones; Gerdau Laisa, no Uruguai; e Sipar Aceros, na Argentina. Schirmer disse que os ganhos de sinergias com a reorganização ainda não foram quantificados e que medidas adicionais dessa operação, já aprovado pelo conselho de administração, serão implementadas no decorrer do ano. O vice-presidente executivo reafirmou que a Gerdau trabalha com um plano de investimentos de US$ 3,2 bilhões até 2007 para elevar a capacidade de produção de aço bruto do grupo (Brasil e exterior) de 16,3 milhões de toneladas para 21,1 milhões de toneladas. Em produtos laminados, a produção saltará de 12,9 milhões de toneladas para 15,4 milhões de toneladas em 2007. "Em aço bruto, vamos crescer cinco milhões de toneladas, das quais 4 milhões no Brasil e 1 milhão no exterior", disse o vice-presidente sênior da Gerdau, Frederico Gerdau Johannpeter.