Título: Criação de emprego formal no ano é a maior desde 1992
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 20/06/2008, Brasil, p. A4

Ruy Baron/Valor Lupi, do Trabalho, acredita em geração de 1,8 milhão de empregos em 2008 O Brasil já tem mais de 30 milhões de pessoas empregadas sob o regime da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Essa marca foi alcançada com o desempenho do mercado em maio, revelado pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Nos primeiros cinco meses de 2008 foram criados 1,05 milhão de postos de trabalho celetistas, recorde da série histórica iniciada em 1992. Esse saldo entre contratações e demissões é 15,11% maior que o do mesmo período de 2007. Considerando apenas os números de maio, a criação de empregos com carteira assinada foi 4,35% menor que a de maio do ano passado.

Os expressivos números de maio fizeram com que o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, mantivesse sua aposta na quebra do recorde do Caged em 2008: 1,8 milhão de empregos criados. Nos últimos 12 meses, o saldo acumulado já chegou a 1,75 milhão de empregos. Além disso, ele também acredita que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) vai ser acima de 6%. Na equipe econômica do governo, a expectativa é de 5%.

Lupi disse que a inflação maior não significa, necessariamente, retração da economia e, portanto, diminuição do emprego. Ele ponderou que o aumento generalizado dos preços prejudica, principalmente, os assalariados. Mas também disse que inflação significa mais dinheiro circulando na economia. Para o ministro, o aperto monetário não vai frear o crescimento do emprego formal.

Segundo Lupi, ultrapassar a marca de 30 milhões de pessoas empregadas com carteira assinada é algo muito positivo e relevante. Ele informou que, de acordo com o IBGE, havia 89,32 milhões de pessoas ocupadas no Brasil em 2006.

A queda de 4,35% na criação de empregos em maio foi influenciada pelas condições da agroindústria sucroalcooleira. Apenas em Alagoas, foram verificadas cerca de 7 mil demissões nesse setor. "É a sazonalidade da entressafra da cana, o que não significa contaminação das condições macroeconômicas", disse Lupi.

Na análise setorial do emprego celetista em 2008, as empresas prestadoras de serviços foram as que mais criaram vagas entre janeiro e maio: 365.377 postos de trabalho, ou crescimento de 26,41%. Os quatro segmentos de serviços mais dinâmicos na criação de empregos celetistas foram os de administração de imóveis/serviços técnicos profissionais, alojamento/alimentação, ensino e transportes/comunicação.

Em seguida, no Caged, vem a indústria de transformação, com saldo de 265.587 vagas, o que significa queda de 2,21% em relação ao mesmo período de 2007. Nesse setor, os melhores desempenhos na geração de empregos foram dos segmentos alimentício (83.349), metalúrgico (31.957), mecânico (28.195), têxtil (23.788), material de transporte (23.322) e calçados (19.017). De janeiro a maio, houve perda de 2.470 vagas nas indústrias de madeira e mobiliário.

A construção civil teve bom desempenho nesses cinco meses, gerando 160.395 empregos celetistas, quase o dobro do saldo de janeiro a maio do ano passado. Na agricultura, foram criadas 134.450 vagas, resultado 21,8% menor que o do mesmo período de 2007. No comércio, o saldo entre contratações e demissões foi de 83.910 postos de trabalho, o que revela crescimento de 21,8%. Os empregos celetistas na administração pública foram ampliados em 29.085 vagas, resultado 22,3% maior que o dos primeiros cinco meses de 2007. (AG)