Título: Brumer defende verticalização da Usiminas em minério
Autor: Jorge , Danilo
Fonte: Valor Econômico, 24/06/2008, Empresas, p. B8

O presidente do conselho de administração da Usiminas, Wilson Brumer, defendeu ontem a aquisição da mineradora de ferro J. Mendes, que deixou insatisfeita a Companhia Vale do Rio Doce, dona de 5,9% das ações ordinárias integrantes do grupo de controle da siderúrgica. A verticalização, segundo ele, é um movimento mundial das usinas de aço, em busca de assegurar acesso a uma de suas principais matérias-primas.

"É uma tendência que se observa no setor. Se analisarmos, em âmbito mundial, a ArcelorMittal é um exemplo, assim como a Tata Steel e a Baosteel, na China", disse Brumer. No Brasil, apontou, o mesmo movimento marca as estratégias da CSN, Gerdau e Vallourec Mannesman.

"É natural essa tendência e não necessariamente a Usiminas vai fazer dessa operação um negócio de mineração. O que estamos fazendo é muito mais um objetivo de proteção", afirmou Brumer. O plano da siderúrgica é investir cerca de US$ 750 milhões na J. Mendes para elevar sua sua produção atual de cinco milhões para 29 milhões de toneladas ao ano a partir de 2013. "Se tiver que exportar alguma coisa é muito mais para proteção daquilo que a Usiminas consome", reforçou o conselheiro.

Segundo Brumer, o novo presidente mundial da Nippon Steel, Shoji Muneoka, desembarca no Brasil no próximo domingo, para uma visita de cinco dias. Nessa primeira viagem ao país, depois de sua posse em abril, no comando do grupo japonês, Muneoka visitará as instalações industriais de Cubatão (SP) e Ipatinga (MG). Também está agendada reunião com executivos da Camargo Corrêa e da Votorantim, que, juntas, detêm 23,1% do controle da Usiminas. A Nippon, mais outros grupos japoneses, tem 24,7%.

De acordo com Brumer, o setor de mineração está no alvo dos grupos japoneses e asiáticos. "Eles são supridos pela Vale, mas certamente estarão atentos a outras oportunidades", afirmou. O executivo participou, ontem, de almoço oferecido no Palácio da Liberdade, sede do governo de Minas Gerais, ao príncipe herdeiro do trono do Japão, Naruhito, em visita ao país para a comemoração dos 100 anos de imigração japonesa. O presidente do conselho da Usiminas defendeu uma maior aproximação entre os empresários brasileiros e japoneses. "Nas décadas de 1970 e 1980, os investimentos do Japão no Brasil foram em parceria com o governo. Hoje, vivemos um outro momento, com a iniciativa privada mais presente", disse Brumer.