Título: Aeiou aposta em modelo de baixo custo
Autor: Osse , José Sergio
Fonte: Valor Econômico, 06/08/2008, Empresas, p. B2

Depois de oito anos de preparação, um investimento de R$ 250 milhões e um modelo de negócios inédito no país, foi lançada em São Paulo, ontem, a operadora de celular Aeiou, antiga Unicel. Com tarifas baixas e um custo de operação reduzido, a companhia espera captar cerca de 500 mil usuários no primeiro ano de atuação, além de obter uma margem operacional (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização - lajida) de 40% nesse mesmo período.

"Uma de nossas inspirações foi a companhia aérea JetBlue, do David Neeleman, que criou o conceito de baixo preço e alta qualidade", afirma o presidente e executivo-chefe da Aeiou, José Roberto Melo da Silva, em referência ao empresário que recentemente lançou uma nova companhia aérea, a Azul, no Brasil. A tarifa por minuto será de R$ 0,14 em ligações entre celulares da Aeiou, de R$ 0,28 em ligações para telefones fixos e de R$ 0,63 para celulares de outras operadoras.

O modelo da Aeiou, afirma o executivo, é totalmente baseado na internet. Isso permitirá uma operação enxuta, com 60 funcionários para atender grande parte da região metropolitana de São Paulo (Capital, Osasco, Guarulhos e cidades da região do ABC).

Com a plataforma on-line, o cliente não receberá uma conta, mas uma senha de acesso ao site, onde poderá acompanhar pela internet todas as informações referentes à utilização da linha.

A rede da companhia terá 230 estações, algumas delas ainda em implantação. Segundo o presidente da operadora, todas estarão em funcionamento para o lançamento comercial, em 7 de setembro. Uma vez instaladas, explica o executivo, a operadora terá capacidade para suportar 1 milhão de usuários, embora a meta no primeiro ano seja atingir "no mínimo" a metade disso. Num primeiro momento, haverá uma fase de testes, com 10 mil usuários que se pré-cadastrarem no site da empresa (www.meuaeiou.com.br).

Além da licença para atuar na área de prefixo 11, na região metropolitana de São Paulo, o executivo diz que a empresa já planeja sua expansão. Ainda no primeiro ano, a idéia é levar a operação para o interior de São Paulo e, no longo prazo, a companhia planeja ampliar o serviço para o resto do país.

Segundo Melo da Silva, a proposta da companhia é atuar inicialmente num nicho de mercado: jovens de classe média. "É claro que nossa intenção é atingir todos os públicos", afirma ele, explicando que o público-alvo da operadora neste momento é mais identificado com o uso da internet.

Como é uma empresa nova, com modelo inédito, Melo da Silva explica que o sistema de comercialização ainda pode ser ampliado. No lançamento, os usuários poderão se tornar clientes pela internet, em lojas terceirizadas e na sede da companhia, na Vila Madalena, em São Paulo. E, embora se concentre no público jovem, a companhia já estuda oferecer serviços a grandes clientes, como sindicatos e empresas.

"Se você subir num ringue com o Mike Tyson, certamente vai se dar mal. Você tem que chamá-lo para jogar xadrez ou damas. Senão, você vira picadinho", disse o executivo em relação a disputa entre sua operadora e as outras companhias do setor.

O financiamento da operação da Aeiou virá tanto de capital próprio e aporte dos acionistas como de empréstimos junto a terceiros. Segundo Melo da Silva, a empresa não tem intenção de abrir capital no futuro próximo.

O controle da operadora móvel é dividido entre o grupo Elav - que concentra os investimentos da família de Melo da Silva -, e o grupo saudita Hits Telecom, que possui investimento em projetos semelhantes na África e no Oriente Médio e começa a atuar na América Latina com a entrada em operação da Aeiou.