Título: Alckmin ataca Kassab e DEM descarta apoio do tucano em segundo turno
Autor: Felício, César; Junqueira, Caio
Fonte: Valor Econômico, 16/09/2008, Política, p. A9

Ameaçado de ser excluído do segundo turno da eleição municipal em São Paulo, segundo as pesquisas divulgadas neste fim de semana, o candidato do PSDB, ex-governador Geraldo Alckmin, atacou diretamente o adversário Gilberto Kassab (DEM), que tenta a reeleição, no horário eleitoral gratuito. Raimundo Paccó/Folha Imagem Na ofensiva, o candidato tucano Geraldo Alckmin disse em seu horário gratuito na televisão: "Problemas se agravaram muito com o prefeito Kassab"

"Quero muito sim ser o prefeito de São Paulo, sabe para quê? Para retomar o projeto do PSDB que foi interrompido nesses últimos dois anos. Os problemas da saúde, por exemplo, se agravaram muito com o prefeito Kassab. Ninguém melhor do que você sabe disso", disse o próprio Alckmin diante das câmeras, discorrendo em seguida sobre "a falta de escolas e de creches". Segundo o tucano, "Kassab nem de longe deu continuidade às metas estabelecidas para educação pelo então prefeito José Serra (hoje governador pelo PSDB) Enquanto a propaganda dele fala uma coisa, os números mostram outra realidade. Tem 158 mil crianças - isso mesmo -158 mil crianças entre 0 e 5 anos fora das creches e fora da escola e isso é imperdoável".

Somente no fim de uma longa seqüência de ataques ao prefeito é que Alckmin menciona a líder nas pesquisas, a ex-prefeita e ex-ministra do Turismo Marta Suplicy (PT). "Tanto a Marta quanto o Kassab estão prometendo agora o que tiveram a oportunidade de fazer e não fizeram", disse.

Alckmin trocou a equipe de marketing eleitoral na semana passada. Seu marqueteiro anterior, Lucas Pacheco, pedia exatamente uma escalada de agressividade em relação a Kassab. Segundo o coordenador da campanha do tucano, o deputado Edson Aparecido (SP), a estratégia da campanha permaneceu igual. "Agora é o momento de decisão do voto e temos que provocar o eleitor a comparar as candidaturas. Não vamos concentrar menções apenas no Kassab. Mostraremos também que o Alckmin saiu do governo paulista com 69% de aprovação e que a Marta terminou a gestão dela reprovada", disse o parlamentar.

Sob reserva, integrantes da coordenação de Kassab afirmaram que os ataques diretos de Alckmin ao prefeito devem consolidar o tucano em terceiro lugar no processo eleitoral, permitindo a polarização entre Kassab e Marta, que jamais fazem ataques diretos: escalam aliados para as ações agressivas. Na cúpula kassabista, parte-se da premissa que o eleitor sempre rejeita um candidato agressivo, que critique os oponentes.

A leitura do comando de campanha de Kassab é que com a nova linha de ação Alckmin sinaliza que não irá declarar apoio ao prefeito no segundo turno, caso o tucano de fato fique excluído da etapa final da eleição. Os kassabistas imaginam contornar a dificuldade gerada pela falta de apoio do Alckmin com a entrada do governador José Serra na campanha.

Incentivador da candidatura de Kassab à reeleição, Serra gravou mensagem de apoio a Alckmin na disputa deste ano, em respeito à lei eleitoral. Mas não participou de atos de campanha. No segundo turno, poderia pedir votos para Kassab sem constrangimentos. Pelo menos em um primeiro momento, Kassab não deverá reagir aos ataques. O prefeito já reduziu a linha crítica contra Marta Suplicy para buscar uma imagem "propositiva". Hoje, por exemplo, irá lançar seu programa de governo, em ato com militantes.